Vânia Moreira
De Umuarama
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) em Umuarama autou e multou ontem a Indústria de Alimentos Zaeli por lançar resíduos industriais sem tratamento, poluindo córregos e o ar em área residencial. Mais de mil moradores de sete bairros sofrem com o mau cheiro provocado pela lagoa, localizada entre os bairros Jardim Alvorada e São Caetano.
A empresa foi multada em R$ 80 mil. O IAP aplicou uma multa de R$ 40 mil pelo lançamento de esgotos fora dos parâmetros permitidos e outra, também de R$ 40 mil, porque a empresa está ampliando as instalações e não requereu ao IAP a licença de operação.
Exames feitos pelo IAP a pedido do Ministério Público apontaram índices de poluição acima do tolerado. A água apresentou Demanda Química de Oxigênio (DQO) de 1,9 milhão miligramas por litro. A média tolerada gira entre 150 e 250 mil miligramas por litro. A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) também é elevada. A análise registrou 490 miligramas por litro, quando a média aceitável fica entre 60 e 70 miligramas por litro.
Segundo o IAP, o sistema de tratamento adotado não está funcionando e a empresa recebeu 15 dias de prazo para apresentar outro projeto mais eficiente. Além do mau cheiro, os moradores reclamam da proliferação de insetos, principalmente pernilongos, provocada pela lagoa de tratamento. Muitos afirmam que chegam a passar mal em dias mais quentes.
Segundo a dona de casa Tereza Cavalieli, do Jardim Alvorada, os moradores já fizeram vários abaixo-assinados pedindo providências. O mau cheiro e as reclamações aumentaram semana passada, o que levou o promotor especial do Meio Ambiente, Pedro Valter Torrezan, a pedir exames
Uma das maiores indústrias de alimentos do Paraná, a Zaeli construiu a fábrica no final dos anos 80 em uma das margens da Avenida Ângelo Moreira da Fonseca. O complexo ocupa uma área de 54 mil metros quadrados. Na época, existiam apenas o Parque São Remo e o Parque Danieli nas imediações. Agora, a indústria está cercada por bairros. A Zaeli beneficia e embala cereais, farinhas, alimentos para animais, fabrica conservas e temperos. Emprega aproximadamente 500 trabalhadores.
Os proprietários alegam que a empresa foi construída naquele local porque era uma área empresarial pouco habitada. ‘‘Infelizmente a cidade cresceu e agora temos este problema, mas não podemos mudar, nem fechar a empresa’’, diz Vagner Zago. Segundo ele, a Zaeli está fazendo o possível para diminuir a poluição e os transtornos para os moradores.