O Hospital Veterinário da UniFil (Centro Universitário Filadélfia), de Londrina, informou, na manhã desta terça-feira (28), que vai suspender o atendimento de animais silvestres e exóticos encaminhados pela Força Verde, IAT (Instituto Água e Terra) e outros órgãos públicos. De acordo com a instituição, o HV é o único Cafs (Centro de Apoio à Fauna Silvestre) no Norte do Paraná e, mesmo assim, a renovação do convênio com o Governo do Estado não foi feita desde abril deste ano.

"Já são oito meses sem qualquer apoio oficial. A UniFil está bancando tudo. Sem o mínimo de contrapartida do Governo Estadual, infelizmente, não vamos mais seguir com o trabalho que é referência", afirma Eleazar Ferreira, reitor da instituição de ensino.

Mesmo sem o convênio com o Governo do Paraná, a UniFil afirma ter realizado o atendimento de mais de 1.200 animais no período de abril a novembro deste ano. "É um custo alto. O Hospital Veterinário mantém profissionais especializados dia e noite, faz cirurgias, ultrassonografias, raio-X digital, exames laboratoriais, além de fornecer medicamentos, alimentação e de garantir um ambiente seguro no acolhimento, diagnóstico, tratamento e recuperação dos animais. Estamos custeando tudo isso, mas é impossível continuar. A fauna é um bem público e fizemos nossa parte até agora. O Estado deixou de cumprir com sua obrigação", detalha Ferreira.

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RISCO DE EXTINÇÃO

O convênio firmado entre o HV da UniFil e a secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Meio Ambiente) teve duração de dois anos, de 2021 a abril de 2023, com o valor de R$ 150 mil para o período de 24 meses. De acordo com o Hospital Veterinário, neste período foram realizados diversos atendimentos que tiveram repercussão pela resolutividade.

Vários tipos de animais, inclusive alguns em risco de extinção, foram socorridos e salvos pela equipe da instituição de saúde, como onça, lobo guará, tamanduá bandeira, macaco, cachorro e gato do mato, quati, ema, além de uma ampla quantidade de pássaros.

No caso mais recente, o HV acolheu três filhotes de onça-parda resgatados numa propriedade rural em Andirá (Norte Pioneiro). Os animais chegaram no início de novembro, estão em tratamento e devem permanecer sob os cuidados da equipe do Hospital Veterinário pelo menos até os cinco meses de idade, com alimentação específica, medicação, exame e muitas horas de trabalho de profissionais especializados.

REUNIÃO AGENDADA

A reportagem contatou o IAT e, em resposta, o Instituto afirmou que seu presidente, Everton Souza, tem uma reunião agendada com o reitor da UniFil ainda nesta terça-feira para tratar da renovação do termo de cooperação. "A intenção do IAT, inclusive, é ampliar a parceria para 2024 com o ajuste de alguns termos do acordo", afirma o Instituto, por meio da assessoria de imprensa.

O QUE É UM CAFS

De acordo com o IAT, são nove Cafs inaugurados ou em fase de implantação - Londrina, Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo (Oeste), Guarapuava (Centro), Curitiba, Maringá (Noroeste), Cornélio Procópio (Norte) e do Litoral - e um Cetas (Ponta Grossa - Campos Gerais), que são mantidos mediante parcerias com instituições de ensino e pesquisa e organizações da sociedade civil.

A criação dos Cafs foi instituída em 2019 para recebimento da fauna silvestre nativa e exótica apreendida no Paraná. A proposta é formalizar os parceiros que o IAT já possuía no atendimento regionalizado da fauna vitimada.