O HU (Hospital Universitário) de Londrina apresentou, na manhã desta sexta-feira (20), o plano de contingência de enfrentamento à pandemia no novo coronavírus adotando medidas restritivas, como a suspensão de ações eletivas e do fechamento do Pronto Socorro para atendimento direto ao paciente. O hospital organiza a estrutura para atender os casos graves da doença, aumentando o número de leitos, e esclarece as notícias falsas disseminadas nas redes sociais.

Imagem ilustrativa da imagem HU de Londrina apresenta plano de contingência e esclarece fake news
| Foto: Lais Taine

Nos últimos dias, áudios compartilhados em aplicativo de mensagens gerou especulação sobre três crianças que estariam entubadas por conta do Covid-19, no HU de Londrina. “Não temos três crianças com Covid-19. Essas crianças são portadoras de doenças respiratórias graves e que temos a obrigação, de em um momento de pandemia, afastar qualquer tipo de possibilidade”, responde Vivian Feijó, superintendente do hospital.

Entre os áudios, alguns foram assinados por um médico, docente da UEL (Universidade Estadual de Londrina), orientando sobre o fato. O próprio autor já emitiu nota de esclarecimento público dizendo que “o objetivo do áudio foi conscientizar as pessoas a diminuírem a circulação e se manterem mais abrigadas em casa, de modo a tentar diminuir os riscos de contágio". "Entretanto, citei casos do HU que estavam em investigação, como possíveis suspeitos de coronavírus, ‘forte suspeita’, e este fato gerou muita confusão, desinformação e má-interpretação”, diz a nota.

Apesar de o médico citar na nota o termo ‘forte suspeita’, na coletiva à imprensa, a superintendente comentou que a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica contava com três crianças entubadas, porém, não classificadas ainda como suspeita de coronavírus. “Dessas três crianças, uma já está bem e outras duas não têm perfil epidemiológico (para coronavírus)”, informa. “Há dois casos de crianças graves na terapia intensiva pediátrica que não cursam com perfil epidemiológico para coronavírus. Não é impossível, mas as chances são muito remotas e essas crianças são monitoradas, mas não estão em acompanhamento epidemiológico para o Covid-19", aponta Feijó.

As duas crianças teriam vindo de outra cidade e têm entre 2 e 3 anos. “Foram duas crianças que um irmão conviveu com um amigo que foi viajar, todos assintomáticos. Não tem epidemiologia, mas tem quadro clínico de síndrome de angústia respiratória grave, então, o hospital cumpre o seu papel no isolamento possível ou não das doenças”, afirma Feijó.

A chefe de UTI pediátrica, Luiza Moriya, esclareceu que, historicamente, nesse período, o HU tem crianças que vão para a ventilação mecânica e algumas chegam a evoluir para óbito por doença viral que pode ser oriunda de agentes como: influenza, parainfluenza, adenovírus, vírus sincicial respiratório, entre outros. “Nem todas contempladas com tratamento e vacinação. Esse ano, especificamente, a gente tem a preocupação com o coronavírus.” Como em todos os anos, foram colhidos os exames para verificar a origem das doenças, o hospital aguarda os resultados.

Outras notícias falsas envolvendo o hospital circularam as redes. Como a de que a unidade estaria com 11 indivíduos positivos para o Covid-19, outro sobre as três crianças e que a situação teria saído do controle, infectando diversos colaboradores e pacientes. “Não estamos vivendo um caos, não estamos escolhendo quem vai viver e quem vai morrer, isso é muito sério!”, aponta a superintende. Estes e outros casos estão sendo investigados pelo Ministério Público do Paraná.

Como esclarecimento, o hospital afirma que possui um caso suspeito de uma paciente, mulher, entre 30 e 40 anos. “Ela não tem história epidemiológica forte, mas como desenvolveu uma doença respiratória aguda grave, epidemiologicamente, os médicos, em momento de pandemia, não podem descartar e tem que seguir o protocolo”, afirma Feijó.

O Brasil enfrenta dificuldades na quantidade de kits disponíveis para a realização dos testes. O HU afirma que ainda possui quantidade, porém, não com folga para realizar em todos os casos suspeitos. “Neste momento, os kits são poucos, isso não é só aqui em Londrina, é no Brasil inteiro. Nós decidimos que vamos testar aqueles que precisam fincar internados, aqueles que vão para casa, com suspeita e sintomas leves, esses pacientes não terão amostras colhidas”, afirma a médica infectologista Zuleica Tano. Os pacientes que não apresentarem gravidade serão encaminhados para a casa e em situação de isolamento domiciliar, caso apresentem novos sintomas, serão novamente analisados.

PLANO DE CONTINGÊNCIA

Em meados de janeiro de 2020, o HU de Londrina foi escolhido como o hospital de referência para o enfrentamento da epidemia. Para otimizar o trabalho, a superintendência apresentou o plano de contingência, que aponta medidas restritivas, como a suspensão de ações eletivas e serviços de saúde pré-agendados; a supressão da procura direta ao Pronto Socorro do hospital, sendo atendidos somente os casos encaminhados de outras unidades ou emergenciais; e pacientes do serviço de neurologia e cardiologia serão encaminhados para outros hospitais. O hospital continua com os pacientes de dengue, que somam 30 pessoas atualmente.

O HU conta com duas áreas de isolamento no Pronto Socorro e vai ampliar os leitos utilizando o espaço da unidade vascular que estava em fase de finalização das obras. “Fizemos uma proposta ao governo do Paraná, via município. Nós temos uma unidade vascular praticamente pronta, com 10 leitos a serem otimizados de terapia intensiva, essa unidade vai ser um presente para Londrina e região nesse momento, mesmo a obra não sendo entregue, me senti na responsabilidade de ofertar novos leitos”, afirma Feijó.

“Podemos ofertar mais 10 leitos de terapia intensiva para que a gente possa somar 20 leitos a mais de terapia intensiva no hospital e deixaremos 40 leitos especializados para infectologia”, acrescenta. Os diagnósticos continuam sendo realizados no Lacen (Laboratório Central do Estado do Paraná), levando entre cinco a sete dias para os resultados, no entanto, o governo soltou decreto que vai credenciar alguns serviços para realização de exames. Caso o HU seja selecionado, os resultados levariam 48 horas.