Desde esta segunda-feira (20), Londrina conta com o Hospital de Retaguarda para Covid-19 do HU (Hospital Universitário). A estrutura com 57 leitos foi montada no prédio onde será instalada a nova maternidade do hospital. A unidade conta com 25 leitos de enfermaria, 12 vagas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica e 20 de UTI geral. A proposta é que mais 35 leitos sejam entregues até o final do mês.

Imagem ilustrativa da imagem HU abre Hospital de Retaguarda para Covid-19 com 32 leitos de UTI

A superintendente do HU, Vivian Feijó, explicou que o projeto de expansão de 120 leitos exclusivos para pacientes e suspeitos de Covid-19 começou no dia 15 de junho, quando foram abertas 30 vagas no hospital. “Entregamos hoje 57 leitos. Nós fizemos um processo seletivo e tivemos mais de 4 mil inscritos no processo. Nós convocamos 180 das 190 vagas e, infelizmente, muitas habilitações não foram comprovadas. Nós tivemos 47 habilitações homologadas e fizemos uma nova convocação”, explica a superintendente. “Nós praticamente abrimos 90 leitos e até o dia 30 nós teremos o total de 120”, afirma.

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Ao todo, 97 municípios são atendidos no HU de Londrina e antes da abertura das vagas a unidade estava com 38 leitos de UTI (79%) ocupados e 79 pessoas na enfermaria, apontando taxa de ocupação em 82%. Entre os pacientes, 44 estavam internados com Covid-19 positivo, 17 em UTI e 28 em enfermaria.

O secretário estadual de Saúde, Beto Preto, visitou a unidade e apontou que desde março houve a preocupação em aumentar o número de vagas no local. “Houve um aumento de 225%, é o maior salto do ponto de vista de um hospital público. No Paraná, não fizemos hospital de campanha, queremos hospitais dentro das estruturas e essa maternidade, na sequência, vai operar dentro daquilo para qual foi preparada, com um salto de qualidade”, aponta.

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Como reforço, o secretário aponta que o Estado também aumentou as vagas na região. “Ampliamos os leitos de Santo Antônio da Platina em 10 leitos de UTI. Colocamos 10 leitos em Cornélio Procópio, 20 leitos em Arapongas, 10 em Apucarana, abrimos o Hospital Regional de Ivaiporã com 20 leitos de UTI e o Hospital Regional de Telêmaco Borba, com mais 10 leitos”, aponta.

O valor total investido na estrutura, considerando verba para realização de contratação de profissionais, custeio e aquisição de equipamentos foi de R$ 24 milhões do governo do Estado, R$ 3,8 milhões da Sesa (Secretaria do Estado de Saúde), R$ 3,2 milhões da Câmara Municipal de Londrina e R$ 5,204 milhões da contratualização SUS entre HU/UEL e Prefeitura de Londrina, além de R$ 3 milhões de recursos do próprio hospital.

QUARENTENA

Apesar da ampliação das vagas, o secretário não defende afrouxamento das medidas nem descarta nova quarentena na cidade. “Aumento do número de leitos não pode servir como álibi para flexibilização nenhuma”, destaca. “Nós temos dados que de uma semana para a outra a taxa de aumento de novos casos subiu para 29% na região. Não queremos trabalhar com a hipótese de fechamento, mas estamos preparados para tudo”, afirma. Ele aponta que ainda há algumas semanas de trabalho e conta com a contribuição de todos para evitar um lockdown na cidade.

icon-aspas “Aumento do número de leitos não pode servir como álibi para flexibilização nenhuma”
Beto Preto -

Sobre o último decreto que impediu a abertura do comércio em várias regiões do Estado, inclusive em Londrina, o secretário afirma que a resposta dos municípios foi heterogênea. “O Paraná ainda não tinha feito lockdown, nós fizemos onde julgamos ser necessário fazer. As regiões de Londrina e de Cornélio Procópio, principalmente, foram incluídas pela taxa de mortalidade. Região Oeste, Cianorte e Curitiba, pelos gargalos de contágio de clusters de atividades econômicas ou por aglomeração, como na capital”, justifica.

Questionado sobre as divergências entre prefeitura e Estado, o secretário aponta que não há embate. “Não há queda de braço, enquanto Secretaria do Estado de Saúde, nós temos o dever de tomar decisões que precisam ser tomadas, muitas vezes a decisão na saúde pública não é a que vai agradar a todos, porém, no segundo e terceiro plano ela acaba sendo compreendida”, afirma.

O governo do Estado ainda não realizou uma análise sobre os resultados da quarentena em cada região, porque, segundo o secretário, é preciso aguardar 14 dias obter resposta, no entanto, ele afirma que foi percebida uma supressão de óbitos no último final de semana.

Sobre o ofício da prefeitura exigindo explicações sobre o fechamento do comércio na cidade, o secretário informa que existem três parâmetros analisados em cada regional: número de casos, número de óbitos e número de leitos à disposição. “Analisamos os números e entendemos que aqui tínhamos maios mortes do que a média no Paraná e por isso chamamos a atenção. A morte aqui vem caindo”, indica.

O secretário destaca que os prefeitos têm autonomia e legitimidade e que o momento é de unir forças para combater a doença no Paraná. “Lembrando que a oferta de leitos, especialistas, recursos humanos e de medicamentos está chegando ao limite. Não adianta a gente falar que vai simplesmente continuar abrindo leitos se não vamos ter, daqui a pouco, médicos e enfermeiros para tocar. É chegada a hora de uma grande conscientização da população”, aponta.