O HCL (Hospital do Câncer de Londrina) recebeu no fim de semana um equipamento de radioterapia, o Halcyon, um acelerador linear de partículas de última geração. Por meio dele será possível reduzir a fila de espera, fomentar a segurança e humanização no cuidado médico e modernizar os equipamentos para o tratamento oncológico. A instituição atende pacientes de 166 municípios de 8 regionais de saúde do Paraná. Desse total, 93,8% são pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde).

Imagem ilustrativa da imagem HC de Londrina recebe equipamento de ponta para a radioterapia
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O aparelho une um mecanismo de irradiação ultra moderno e a mais precisa técnica de localização diária dos tumores nos pacientes, o chamado IGRT ou radioterapia guiada por imagem. Ele custou US$ 1,46 milhão e foi adquirido por meio do Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica), do Ministério da Saúde, e de recursos próprios, obtidos por meio de empréstimo bancário.

"Se o hospital não colocasse esse aporte teríamos que devolver todo o dinheiro do Pronon”, explicou o administrador geral do HCL, Edmilson da Silva Garcia. Segundo ele, será necessário realizar adaptações para instalar esse equipamento em uma área isolada, que precisa ser aprovada pela Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear). A vistoria será realizada depois que o equipamento estiver instalado.

MAIS MODERNOS DO PAÍS

Com o Halcyon, diz Garcia, o HCL quer mostrar que está entre os mais modernos no do país. ”As pessoas olham para o hospital que atende pelo SUS e pensam que é sucateado e não tem o melhor atendimento, porque sempre pede recurso. Pelo contrário. A gente faz de tudo para realmente otimizar essas verbas que recebemos, principalmente da população, para devolver o melhor para ela. Hoje, em nível de quimioterapia, de cirurgia e de radioterapia, o Hospital do Câncer de Londrina está entre os mais modernos do país e da América do Sul.”

“Além da melhoria da qualidade, o Halcyon vai aumentar também nossa capacidade de atendimento, porque com este equipamento será possível atender 80 pacientes dia e, em 280 dias, de atendimento será possível realizar 22.400 atendimentos a mais em relação à capacidade atual”, explicou o administrador geral. O equipamento deve ser colocado em uso em novembro.

Segundo Garcia, em 2020 o HCL atendeu 47 mil pacientes e passou de 1,1 milhão de procedimentos. A proporção de pacientes é de 60% de Londrina e 40% das outras cidades. O HCL atende 166 municípios de 8 regionais de saúde. Desse total, 93,8% são pacientes do SUS, o restante de convênios e particulares. "Precisamos aumentar o atendimento de pacientes particulares e de convênio para haver um equilíbrio financeiro. Ter um equipamento como esse vai nos ajudar para que esse público não precise ir a São Paulo buscar o serviço e o recurso permaneça aqui”, observa.

O administrado diz que é preciso negociar co o SUS para aumentar o valor do contrato. "Se a gente não conseguir, infelizmente teremos que trabalhar com fila de espera, porque se continuarmos nesta linha em que estamos, realmente o hospital não conseguirá manter as portas abertas”, afirma. A projeção do hospital é de fechar com R$13 milhões negativos neste ano. Atualmente a instituição não possui equilíbrio é financeiro e está com uma despesa de R$11 milhões contra R$7 milhões de faturamento.

PRECISÃO

O físico médico Rodrigo Rubo é um dos quatro que atuam no HCL em uma equipe que também conta com três médicos radio-oncologistas, além dos enfermeiros técnicos para operar todos os sistemas. Ele explica que o Halcyon possui tecnologia embarcada que favorece implementar técnicas que até hoje o hospital não tinha. “Ele é muito mais preciso. Nos aparelhos antigos o médico, para criar o alvo da radioterapia, precisa desenhar o tumor a ser tratado e todos os órgãos de risco que ficam próximos. Há órgãos, porém, que sofrem movimentações, por isso o médico desenhe uma área maior a ser atingida pelo tratamento”, detalha Rubo.

“O aparelho novo é dotado de uma tecnologia e antes de cada aplicação da radioterapia a gente consegue fazer uma verificação do posicionamento do paciente. Com o IGRT o físico médico vai fazer um planejamento para definir por onde a radiação vai entrar para acertar o tumor para dar a dose de radiação nele e diminuir ao máximo a dose do tecido e dos órgãos que estão em volta dele”, explica o médico.

Ele ressalta que o Halcyon permite a adoção da radioterapia de intensidade modulada (conhecida como a sigla IMRT), técnica em que o aparelho mede a quantidade de radiação para jogar no tumor diminuindo ao máximo a dose nos tecidos e órgãos adjacentes. Segundo ele, essa precisão é possível porque o aparelho consegue fazer uma imagem diária do paciente antes da terapia. “Essa radioterapia guiada por imagem implica também, dependendo do tipo de tumor, na diminuição das sessões e do tempo de tratamento”, afirmou.

Ainda de acordo com o especialista, a nova máquina trata mais rápido o paciente. “Enquanto levamos de 14 a 15 minutos com a tecnologia convencional, fazemos o mesmo em 7 a 8 minutos (com o novo equipamento)." Mas para se beneficiar desse tipo de tratamento é preciso passar por triagem com médico radiologista e o físico médico para avaliar qual equipamento é indicado para cada caso.

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