“Nossa situação é difícil. Se faz uma conta, fica sem alimento. Com o dinheiro que tem, tem gente que não sabe se compra remédio ou compra comida”. Maria Aparecida Bassani da Cruz, 62, está entre os 36 catadores afastados do trabalho na Cooper Região, uma das cooperativas de catadores de materiais recicláveis de Londrina. Ela faz parte do grupo de risco do novo coronavírus e, sem poder trabalhar, também perdeu a renda extra. Percebendo a situação, grupo de pesquisa da UEL (Universidade Estadual de Londrina) realiza campanha para arrecadar recursos para doação de cestas básicas a essas famílias.

Imagem ilustrativa da imagem Grupo da UEL realiza campanha em prol de  catadores de recicláveis
| Foto: Sérgio Ranalli - 25-03-2020

A Cooper Região tem atualmente 116 cooperados ativos, mas 36 deles foram afastados por estarem mais vulneráveis ao Covid-19. Do total, 24 são idosos. “Eu sou aposentada, mas estou na cooperativa há 10 anos, trabalho por necessidade. Na época, com a idade já estava um tanto avançada, estava difícil arrumar emprego e encontrei na cooperativa a ajuda que eu precisava”, conta Cruz.

A cooperada comenta que mesmo com a aposentadoria sente dificuldade, mas destaca que colegas estão em situação ainda mais difícil por assumirem posição de chefes de família. “A maioria das minhas colegas que estão afastadas é pai e mãe dentro de casa, não tem renda, paga aluguel, tem remédio para comprar, com vários problemas de saúde, então fica complicado”, menciona.

A diretora financeira da cooperativa, Verônica Cardoso de Souza, conta que a cooperativa atualmente está trabalhando com número reduzido. “Estamos contratando novos cooperados, mas a preocupação é como ficariam esses 36 que tiveram que ser afastados, até porque a maioria é de idosos e, mesmo que sejam aposentados, trabalham para complementar a renda, porque tem filho, netos que dependem deles”, afirma.

Os trabalhadores do local recebem por produção. “Nós temos três galpões, cada galpão tem sua produção mensal, a gente tira a despesa e o que sobra é rateado por horas trabalhadas dos cooperados”, explica a diretora.

Com esse afastamento, o volume de material coletado também aumentou. “A gente está no esforço de repor essa mão de obra, até porque não sabemos quando esses irão retornar. Nós temos 10 novos cooperados que começaram na semana passada e estamos avaliando a situação, talvez tenhamos que aumentar um pouco mais o quadro”, explica Souza. Ela diz que resolve a situação dos materiais na cooperativa, mas não a dos cooperados afastados.

ARRECADAÇÃO
Percebendo a situação, o grupo de pesquisa do Ninter (Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Resíduos), da UEL, promove ação de arrecadação de recursos para a compra de cestas básicas. “Nós temos um grupo de pesquisa no Departamento de Design que atua há mais de 10 anos e a Cooper Região é nossa parceira de pesquisa há alguns anos; fazemos várias atividades com eles e ficamos sabendo dessa situação difícil”, comenta o professor do departamento de Design da UEL, Cláudio Pereira.

Solidários com a causa, o grupo divulgou a ação para arrecadar os recursos para os 36 trabalhadores afastados. A proposta é comprar cestas básicas de uma empresa que fará a entrega diretamente na cooperativa, que ficará responsável pela distribuição. Assim, esperam amenizar a situação durante este período de quarentena.

SERVIÇO -Interessados em ajudar podem ter mais detalhes da doação por meio do contato do professor via telefone ou WhatsApp. O número é (43) 99122-9281