Greve prejudica o transporte de valores
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 02 de fevereiro de 2000
James Alberti
De Curitiba
A greve dos vigilantes de empresas de transporte de valores, que começou ontem de madrugada, provocou problemas nos saques de agências do Banestado, pela manhã, em Curitiba. Caixas eletrônicos de algumas agências ficaram sem dinheiro. A assessoria do banco nega o problema.
O funcionário público Marcio Alves Moure percorreu três agências do Banestado no Centro da capital, mas voltou para casa sem conseguir sacar um único centavo. A falta de dinheiro foi resolvida a partir do meio-dia, quando policiais militares passaram a fazer escolta no transporte do dinheiro do Banco Central até as agências. O apoio da PM no transporte dos malotes deve ser mantido enquanto durar a greve.
Durante a manhã foram registrados incidentes entre manifestantes e funcionários das empresas de transporte. Segundo o comandante do Policiamento da capital e Região Metropolitana, coronel Darci Dalmas, dez carros que faziam transporte de valores foram danificados. Seis deles tiveram os pneus furados.
O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região Metropolitana, João Soares, acusa a PM de estar a serviço das empresas de transporte de valores. O povo não pode pagar por isso, disse. Na avaliação dele, a greve perde força pelo fato de a polícia fazer a segurança durante o transporte do dinheiro.
Em Maringá, a empresa TGV chamou a PM para garantir a saída de um carro-forte com destino a Umuarama. Os grevistas tentaram impedir o veículo e criticaram os quatro funcionários da TGV que não aderiram ao movimento. Tanto as empresas de segurança quanto os bancos encaminharam pedidos para que a Polícia Militar fizesse a guarda do transporte dos valores, disse Dalmas. Segundo o comandante da PM, a greve pôs em risco o atendimento às pessoas. A PM tinha obrigação de manter a ordem pública.
Conforme o presidente do sindicato dos vigilantes, 90% dos 2,5 mil trabalhadores do Estado pararam ontem. Em Curitiba, disse, foram 1,3 mil. Em Londrina 50% dos trabalhadores no transporte de valores aderiram à greve. A manifestação não atingiu a maior empresa do setor no município.
Os vigilantes querem repasse ao salário de 100% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) cerca de 8% , aumento do tíquete-refeição de R$ 6,00 para R$ 7,00 e do adicional de risco de vida de 20% para 30%, o que ganham os profissionais de São Paulo.
Os valores estão distantes da proposta do Sindicato das Empresas de Transportes de Valores do Estado do Paraná. Segundo o advogado e negociador do sindicato patronal, Giorgio Longano, os patrões aceitam pagar o INPC integral, o que deve elevar o tíquete para R$ 6,50. O adicional de risco seria mantido em 20%, como é pago atualmente, menos para as férias e 13º salário.
O advogado disse que as negociações nunca foram encerradas pelas empresas. Segundo ele, o sindicato patronal está à espera de negociadores dos trabalhadores. Ontem, Soares afirmou que os patrões haviam encerrado as negociações. (Colaboraram Lucinéia Parra e Paulo Ubiratan)