O Governo do Paraná anunciou, nesta terça-feira (8), que profissionais de educação que tiverem um bom desempenho no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) irão receber um bônus de R$ 3 mil. Conforme aponta o secretário estadual da Educação, Roni Miranda, o objetivo da ação é incentivar educadores e outros profissionais a manterem o Paraná no topo da educação nacional. Especialista ouvida pela reportagem observa que muitas instituições têm dificuldades para atingir um bom desempenho por causa da comunidade atendida e dificuldades que enfrenta.

O bônus, de acordo com a proposta do governo, será destinado a todos os servidores das escolas que atingirem ou ultrapassarem a meta do Ideb estipulada pela Seed (Secretaria da Educação), o que inclui diretores, professores, pedagogos, merendeiras e profissionais administrativos.

O valor, contudo, deve ser pago a partir de 2024, quando o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do MEC (Ministério da Educação), divulgar o novo resultado da avaliação. Em 2022, o Paraná conquistou a liderança no ranking nacional no Ensino Médio.

A Seed estipula um orçamento de R$ 140 milhões para o pagamento do bônus. O projeto de lei com sobre a iniciativa está sendo elaborado pelo Executivo e deve ser enviado à Assembleia Legislativa até outubro. A rede estadual do Paraná conta com 2.104 escolas, com mais de 920 mil estudantes matriculados. São 92.450 servidores na Secretaria da Educação, entre efetivos, cargos em comissão sem vínculo e temporários.

PRÓS E CONTRAS

A pedagoga Mônica Trindade Miranda, especialista em gestão escolar e mestranda em educação pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), explica que o Ideb é um importante instrumento avaliativo da educação básica que mede a qualidade do ensino das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática em escolas públicas de todo o Brasil.

"O Ideb é calculado com base nos dados de aprovação escolar obtidos por meio de provas anuais. Hoje, temos a Prova Brasil, que é aplicada nas escolas municipais, e o Saeb, que é o Sistema de Avaliação da Educação Básica e aplicado em escolas estaduais. O objetivo do Ideb é chegar ao resultado seis, para se equiparar ao índice dos países desenvolvidos", detalha.

Para a especialista, a iniciativa do governo apresenta prós e contras. "A medida não deixa de ser um incentivo para as escolas e para os profissionais se dedicarem e criarem estratégias para alcançar um bom resultado no Ideb, mas também entendo que muitas instituições têm dificuldades para atingir um bom desempenho frente à comunidade atendida e às dificuldades que apresenta", observa.

Miranda aponta que instituições voltadas para a educação de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social podem enfrentar problemas que comprometam os resultados do Ideb, como a dificuldade de acesso às aulas e a evasão escolar.

A pedagoga acredita que a medida possa ser positiva para que a Seed direcione sua atenção às escolas que não alcançam bons números. "Essa é uma boa oportunidade para compreender a realidade dessas instituições, por que os resultados não são alcançados e como essa situação pode ser revertida. Muitas vezes o olhar fica direcionado somente às escolas que atingem bons números e as escolas que não atingem são simplesmente deixadas à margem e vistas como escolas que não se desenvolvem. Tudo isso interfere de forma negativa no contexto dessas instituições", defende.

AÇÕES CONCRETAS

Os números do Ideb variam de zero a 10 e dependem de uma série de fatores. Para a pedagoga Mônica Trindade Miranda, as escolas devem focar em ações específicas para melhorar a qualidade da educação e, com isso, obter melhores resultados.

"Como professora da educação básica, acho que devemos buscar ativamente soluções para os alunos faltosos, porque isso reflete muito no ensino e no desenvolvimento. Alunos que faltam muito não conseguem dar continuidade aos estudos. Além disso, acredito que as provas devem ser vistas com um outro viés pelos professores. O aluno não pode fazer a prova com medo, porque o medo atrapalha. Também acho que, no cotidiano, precisamos aliar teoria e prática e respaldar nossas decisões em teorias de currículo", afirma.

A especialista chama atenção, ainda, para a precarização do trabalho dos professores nas escolas públicas, o que compromete a qualidade do ensino e o desenvolvimento dos alunos.

A reportagem entrou em contato com o APP Sindicato para obter um posicionamento oficial da categoria de trabalhadores da educação pública do Paraná a respeito da bonificação anunciada pelo Governo do Paraná, mas não obteve retorno até o momento de publicação. A Seed também foi procurada para dar mais detalhes sobre a proposta, mas não respondeu.

RESULTADOS DO PARANÁ

O governador do Paraná Ratinho Junior (PSD) destacou que, graças ao trabalho dos profissionais de educação e a uma série de iniciativas do Governo do Estado, o Paraná avançou muito no resultado do Ideb. “Passamos do sétimo para o primeiro lugar no Ideb do Ensino Médio e também estamos entre os primeiros no Ensino Fundamental, mas queremos avançar cada vez mais nos próximos anos”, disse.

(Com Agência Estadual de Notícias)