Governo dá ultimato a mulheres de PMs
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sexta-feira, 18 de maio de 2001
Andréa Lombardo De Curitiba
Sem acordo, o governo do Estado resolveu endurecer o discurso e no início da noite de ontem sinalizava com a possibilidade de usar a força para acabar com o movimento das mulheres de policiais militares. Em nota oficial, o Palácio Iguaçu informou que o comando geral estaria cumprindo, a partir de hoje, os dispositivos legais para responsabilizar todos aqueles que tentem obstruir a Polícia Militar. O temor das mulheres, que estão acampadas em frente ao quartel geral da PM em Curitiba, era que o governo pudesse agir durante à noite.
O protesto das mulheres, que reivindicam reajuste salarial para os maridos, começou na segunda-feira. Ontem, em Curitiba, os policiais já estavam em clima de greve, paralisando as atividades na maioria dos quartéis. No final da tarde de ontem, foi decretada prontidão em todas as unidades da PM no Paraná. Todos os policiais deveriam se apresentar em seus postos, sob o risco de punição no caso de desobediência. Segundo a nota oficial, eventuais infratores da disciplina policial serão automaticamente substituídos por novos quadros, dentre os aprovados no último concurso público, que teve 12 mil inscritos.
Depois do anúncio do governo, por volta das 18 horas de ontem, o comandante geral da PM, coronel Gilberto Foltran, e o secretário de Estado da Segurança. José Tavares, reuniram-se no quartel do Comando Geral. Nenhum dos dois quis atender a imprensa. Na assessoria do Palácio a informação era de que a nota oficial era a última palavra do governo.
Mesmo com a notícia de que o governo não aceitaria mais negociar, as mulheres continuaram afirmando que não interromperiam o movimento. Se o governo não vai arredar o pé, nós também não, afirmaram. Elas insistem no reajuste, imediato, de 38%, correspondente à gratificação PM Especial, além de melhorias nas condições de trabalho.
Segurança Ontem foi mais um dia de crise para a segurança de Curitiba. De acordo com o major José Paulo Betes, chefe da Comunicação Social da PM, das 300 viaturas da PM, só 22 estavam nas ruas. O trabalho estava sendo reforçado por mais 27 veículos da Rone (tropa de choque), que estavam trabalhando normalmente. Segundo Betes, a média diária de atendimento da central telefônica 190 é de 700 chamadas. Na quinta-feira e ontem, apenas 1/3 das ocorrências estavam atendidas por causa da falta de comunicação e de viaturas. Cerca de 310 recrutas das escolas da polícia faziam o policiamento a pé.
Segundo policiais do Corpo de Bombeiros, que preferiram não se identificar, as ocorrências em locais considerados de risco, por conta de confronto entre gangues e traficantes, não estavam sendo atendidas. Segundo eles, as viaturas do Siate só se deslocam para esses bairros com acompanhamento de viaturas da PM. A preocupação maior do comando da polícia era com a situação da segurança no final de semana, especialmente na noite de ontem e de hoje, quando aumenta o número de ocorrências.