A Polícia Civil alerta sobre um golpe que fez nas últimas semanas em Londrina, pelo menos, dez vítimas. A prática criminosa é chamada de “falso presente”, com registro de pessoas que já perderam cerca de R$ 5 mil de uma só vez. “Várias vítimas têm procurado (a delegacia), principalmente nas proximidades das datas festivas. São criminosos que não são de Londrina e vêm para a cidade já com know-how para a prática deste crime”, advertiu o delegado de Estelionatos, Edgard Soriani.

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Em um dos últimos casos, um morador da zona oeste relatou em BO (Boletim de Ocorrência) que recebeu um recado num aplicativo de troca de mensagens avisando que havia ganhado uma cesta de chocolates, no entanto, o “entregador” cobraria R$ 4,99 para levar os doces até o imóvel. O homem ainda contou que passou o cartão de crédito na máquina levada pelo falso trabalhador, que alegou que não tinha dado certo e voltaria mais tarde.

Somente algumas horas depois é que a vítima percebeu a transferência de R$ 1 mil da conta. “Eles fazem o contato prévio como se fosse de uma empresa, a pessoa acaba passando o endereço, na hora de pagar a taxa falam que só aceitam cartão e é neste momento (que os criminosos) digitam o valor que eles querem, que costumam ser expressivos”, detalhou.

Os investigadores já receberam imagens de um suspeito, que usa uma motocicleta azul, com placa clonada, que corresponde a uma caminhonete em que o proprietário é de Americana, em São Paulo. “A polícia está em diligência, mas por causa do capacete, da moto com a placa trocada, são empecilhos para a investigação, porém, não significa que ele vai sair impune destes fatos”, destacou. “Os bancos também relutam em fornecer (os dados da maquininha que o cartão passou), o que dificulta a identificação.”

DENÚNCIAS

Soriani frisou que denúncias anônimas podem ser feitas por meio do telefone 181 e afirmou que as vítimas devem procurar a Polícia Civil. “Caso identifiquemos o criminoso, procuramos por boletins semelhantes identificando vítimas do mesmo golpe, o que ajuda na responsabilização. Então, ao invés de responder somente por um estelionato, responde por dez, 12 golpes. Por isso, é essencial registrar”, explicou.

O delegado também pontuou que as pessoas precisam ficar atentas com ligações e mensagens, além de ofertas duvidosas de presentes sem procedência ou que não sabe quem enviou. “A pessoa deve se negar a pagar ou pagar em dinheiro, porque muitas vezes está colado um adesivo na maquininha e não se vê o valor digitado. A pessoa precisa ficar esperta, porque depois que o prejuízo acontece é muito difícil reverter.”

OPERAÇÃO

A Deccor (Divisão Estadual de Combate à Corrupção), com o apoio da Receita Estadual, cumpriu, na manhã desta terça-feira (19), dois mandados de busca e apreensão em Londrina. Os alvos foram pessoas suspeitas de falsidade ideológica e sonegação fiscal. Segundo a Polícia Civil, o principal investigado é responsável por criar diversas empresas fantasmas em menos de dois anos.

A estimativa é de que as empresas tenham gerado prejuízo de milhões de reais em mercadorias transacionadas. “Estas pessoas jurídicas, chamadas de noteiras no meio comercial, são utilizadas com o propósito de emitir notas fiscais de saída de mercadorias de diversos segmentos, ocultando as operações reais”, informou o delegado Thiago Vicentini.

Os bens comercializados eram destinados por empresas verdadeiras que não estavam na relação jurídica, fazendo isso para sonegar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Produtos). A polícia apurou que após a ação, as empresas eram bloqueadas pelo Fisco, mas os contadores criavam novas noteiras com o intuito de possibilitar às empresas reais que continuassem a sonegação.