Geriatra diz que asilos podem destruir identidade do idoso
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terça-feira, 06 de março de 2001
O problema do idoso vai muito além do odor da urina, afirmou o geriatra Marcos Cabrera, de Londrina. Segundo o geriatra, a grande questão é a falta de identidade. Em poucos asilos existem fotografias. Nesses locais não há identificação com familiares e amigos do idoso, disse.
As instituições asilares, para Cabrera, são necessárias em alguns casos. No entanto, a falta de estrutura nessas casas é uma realidade. Quando nos deparamos com asilos sujos, onde os idosos são maltratados, estamos vendo apenas a ponta do iceberg. A família e toda a sociedade tem preconceito sim e nega a velhice, analisou o médico. Ele observou que o voluntariado dispensa maior atenção à infância. A urina da criança também tem odor forte, mas a do idoso incomoda mais, salientou.
Soluções, segundo Cabrera, existem, mas não são nada parecidas com as apresentadas atualmente pelo poder público. Bater palma e fazer festa para aquele idoso que não é dependente é fácil. Considero até que isso é paternalismo com o idoso que pode, ele mesmo, tomar suas próprias atitudes, criticou. Reeducar a mentalidade da sociedade e ampliar o mercado de trabalho para as pessoas com mais de 50 anos é imprescindível, considera. Ninguém precisa parar porque envelheceu.
Envelhecimento saudável é possível, mas quando se é jovem poucos perguntam como proceder para viver bem na velhice, disse Cabrera. Essa idade, conforme o geriatra, vai ser influenciada pela forma com que a pessoa viveu. (M.B.)