‘‘O problema do idoso vai muito além do odor da urina’’, afirmou o geriatra Marcos Cabrera, de Londrina. Segundo o geriatra, a grande questão é a falta de identidade. ‘‘Em poucos asilos existem fotografias. Nesses locais não há identificação com familiares e amigos do idoso’’, disse.
As instituições asilares, para Cabrera, são necessárias em alguns casos. No entanto, a falta de estrutura nessas casas é uma realidade. ‘‘Quando nos deparamos com asilos sujos, onde os idosos são maltratados, estamos vendo apenas a ponta do iceberg. A família e toda a sociedade tem preconceito sim e nega a velhice’’, analisou o médico. Ele observou que o voluntariado dispensa maior atenção à infância. ‘‘A urina da criança também tem odor forte, mas a do idoso incomoda mais’’, salientou.
Soluções, segundo Cabrera, existem, mas não são nada parecidas com as apresentadas atualmente pelo poder público. ‘‘Bater palma e fazer festa para aquele idoso que não é dependente é fácil. Considero até que isso é paternalismo com o idoso que pode, ele mesmo, tomar suas próprias atitudes’’, criticou. Reeducar a mentalidade da sociedade e ampliar o mercado de trabalho para as pessoas com mais de 50 anos é imprescindível, considera. ‘‘Ninguém precisa parar porque envelheceu.’’
Envelhecimento saudável é possível, mas quando se é jovem poucos perguntam como proceder para viver bem na velhice, disse Cabrera. Essa idade, conforme o geriatra, vai ser influenciada pela forma com que a pessoa viveu. (M.B.)