Ney de SouzaTornadoFoto aérea mostra local onde as torres caíram e algumas permaneceram de pé, em Vera Cruz d’OesteA resposta da população ao apelo para a economia de energia elétrica esta semana surpreendeu o governo e permitiu que a previsão inicial de cortes alternados no fornecimento para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste fosse reduzida em mais de 50%. O racionamento foi imposto para compensar a interrupção na transmissão de metade da energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu para essas regiões, em decorrência da queda de dez torres no município de Vera Cruz d’Oeste (52 quilômetros a oeste de Cascavel), durante um vendaval domingo.
A previsão inicial feita pelos técnicos de Furnas era de que seria necessário cortar 2.300 megawatts de energia para as três regiões, diariamente, no período de pico do consumo - entre 19 horas e 21 horas. Isso representa 8% do fornecimento para o Sul, Sudeste e Centro Oeste, que abrangem dez Estados e o Distrito Federal. Os cortes devem durar toda a semana, até o restabelecimento parcial do sistema.
Edson MazzettoInspeçãoO ministro de Minas e Energia Raimundo Britto vistoria as obras de reconstrução das dez torres atingidas
Segundo Luiz Laércio Simões Machado, presidente de Furnas Centrais Elétricas (estatal que distribui 43% da energia consumida no País), devido à economia na segunda-feira houve a necessidade de corte no fornecimento de 1.300 megawatts e, anteontem, de apenas 1.000 megawatts (uma redução de 56,5% em relação à previsão inicial).
‘‘Estamos muito felizes com a resposta de cidadania que a população nos deu’’, afirmou Machado. ‘‘Isso é resultado da colaboração da população, que sentiu que é preciso repartir adequadamente o sacrifício’’, completou o ministro de Minas e Energia, Raimundo Britto. Acompanhado do presidente de Furnas e do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Euclides Scalco, Britto visitou as obras de substituição das torres afetadas. O ministro chegou de avião a Foz do Iguaçu, às 10h30, e seguiu para Vera Cruz d’Oeste de helicóptero.
Machado manteve a previsão de restauração de um dos circuitos afetados (onde caíram quatro torres) até sábado e chegou a antecipar a entrega do segundo circuito (que teve seis torres danificadas). Nesse segundo caso, os técnicos da estatal previam a conclusão dos trabalhos até o dia 18. ‘‘Acho que é possível antecipar isso’’, disse o presidente de Furnas. ‘‘Com a primeira linha restaurada, normalizamos o fluxo de energia e podemos fazer a segunda com menos pressão de tempo.’
O ministro Britto afirmou que técnicos estão levantando as causas do acidente. Segundo ele, as primeiras conclusões apontam que as torres foram derrubadas por ventos de até 130 quilômetros por hora que, como um tornado, teriam atingido uma das torres e provocado a queda das outras em efeito dominó.
Machado disse que, em 15 anos de funcionamento, os sistema de transmissão de Itaipu registrou a queda de apenas 20 torres, das 8 mil existentes entre Foz do Iguaçu e São Paulo. De acordo com ele, o projeto das linhas de transmissão levou em conta o fato de a região estar sujeita à ocorrência de ventos fortes.