Motoristas e cobradores foram para frente das garagens das concessionárias protestar
Motoristas e cobradores foram para frente das garagens das concessionárias protestar | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

Trabalhadores do transporte coletivo municipal e metropolitano de Londrina cruzaram os braços nesta sexta-feira (22). Já de madrugada os motoristas foram para a frente das garagens das empresas em sinal de protesto e os ônibus não estão circulando no município e na região. A medida engloba funcionários das concessionárias TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina), Londrisul e TIL.

A categoria reivindica o pagamento do adiantamento, conhecido como “vale”, que deveria ter sido acertado nesta semana. O benefício é depositado na conta dos funcionários no 15° dia após o salário. A TCGL é responsável por 35% do serviço público de transporte urbano londrinense e a Londrisul 65%.

"Existe compromisso no acordo coletivo das empresas que determina que elas precisam fazer o adiantamento salarial de 50%. Na quinta-feira (21) fomos surpreendidos com comunicado das empresas, que avisou que não teria condições de creditar o valor. Os empregados têm contas, usam remédios, têm empréstimo para pagar e resolveram não continuar com a prestação do serviço", destacou Idenildo Dias Alves, secretário-geral do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina).

Outra cobrança é para a remuneração do PPR (Programa de Participação de Resultados) referente ao ano de 2020, que não teve nenhuma parcela cumprida. "Tínhamos anuênio e virou PPR, que na verdade independente do lucro e é referente a 70% do salário. Além disso, temos convivido com atrasos de pagamentos. O desse mês já foi parcelado", relatou um trabalhador, que preferiu não ser identificado.

COMPROMISSO

O sindicato que representa a categoria cobra uma resposta das empresas, pelo menos, quanto a prazos e compromissos. "A empresa diz que não iria pagar mas não comunicou oficialmente quando vai poder quitar. Disse simplesmente que não iria pagar. Se assumirem compromisso, levaremos para assembleia", apontou Alves. “Os empregados têm contas, usam remédios, têm empréstimo para pagar e resolveram não continuar com a prestação do serviço. A parte deles têm honrado, já que são os primeiros a levantar e os últimos a irem dormir”, acrescentou.

A estimativa da entidade é de que até 1.200 funcionários estejam parados. "A conta do meu cartão de crédito vence dia 25. Se não pagarem, não sei o que fazer", preocupou-se outro trabalhador.

É a segunda paralisação do transporte coletivo em Londrina em três meses. Em outubro do ano passado, empregados da TCGL e da TIL deixaram os postos pedindo o saldo do PPR. Em dezembro, o Sinttrol tentou promover um ato com os ônibus parados por algumas, no entanto, as concessionárias conseguiram na Justiça um interdito proibitório com multa caso isso acontecesse. “Na época desistimos. O interdito perdeu objetivo é agora é diferente. A paralisação é uma decisão espontânea e autônoma dos trabalhadores”, frisou João Batista, presidente do sindicato.

Nenhum ônibus saiu da TCGL na manhã desta sexta-feira
Nenhum ônibus saiu da TCGL na manhã desta sexta-feira | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

PASSAGEM

Mais de 20 dias desde o começo deste novo ano, o poder público municipal ainda não se manifestou sobre o aumento da passagem na cidade, hoje em R$ 4,25. Em 2020 não houve atualização na tarifa. “Verificamos que nossa negociação coletiva não se resolve porque existe impasse na execução do contrato de concessão pública. As empresas querem o reequilíbrio econômico-financeiro e a CMTU reconhece isso, que não dá para ser resolvido apenas com majoração tarifária”, afirmou Batista.

PREFEITURA

Em nota, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) informou que "está acompanhando a paralisação dos trabalhadores do transporte coletivo desde às 5 horas da manhã desta sexta-feira, quando foi informada que o protesto poderia ocorrer".

O texto pontua ainda que "em que pese o respeito a toda classe trabalhadora, qualquer paralisação ou greve deve ser antecedida com o cumprimento das exigências legais, tais como, a comunicação da decisão com antecedência mínima de 72 horas da paralisação em respeito à população. A CMTU afirmou que está cobrando a direção das empresas para que possam dar resposta sobre o vale aos trabalhadores para que a operação do transporte coletivo seja normalizada".

LONDRISUL

Também se manifestando por meio de texto, a Londrisul sustentou que "devido à pandemia de Covid-19 que gerou uma crise financeira mundial, as empresas que operam o sistema de transporte coletivo de passageiros vêm amargando prejuízos ao longo do último ano." A concessionária justificou que "os prejuízos impediram o pagamento da integralidade do vale", com os funcionários sendo "avisados de que somente metade do valor seria depositado nesta sexta-feira (22)."

A empresa se comprometeu a buscar recursos para quitar o total do adiantamento salarial e garantiu que o depósito será realizado até o final desta sexta. "A decisão sobre a retomada do trabalho está sendo definida entre os funcionários e o sindicato da categoria."

Atualizada às 12h22