Fotojornalista londrinense é selecionado para Mostra Nacional

Das conversas descontraídas na sala de fotografia da redação da Folha de Londrina, Isaac Fontana, 30, passou a observar o movimento dos fotógrafos que saíam com as pautas nas mãos e retornavam com um material indispensável para as páginas do jornal.

A cada foto, o jovem que cuidava do trabalho operacional de toda a Redação, foi ampliando o olhar para questões que o inquietavam, como as desigualdades sociais e o desejo de encontrar uma profissão que realmente o despertasse. "Comecei a fotografar há uns cinco anos e estar na FOLHA foi determinante para o meu encontro com a fotografia”, conta.

Em pouco tempo, ele investiu em um equipamento seminovo, prolongou as conversas sobre as técnicas de fotografia e passou a fortalecer a rede de contatos, especialmente com projetos independentes. Agora um pouco do trabalho de Fontana poderá ser conferido na 16ª Mostra Anual de Fotojornalismo da Arfoc-SP (Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo), que será aberta nesta quinta-feira (24), com exibição virtual também.

“A fotografia foi um caminho que se abriu para mim e uma forma de me autoafirmar, de saber que existe algo que eu realmente gosto e que posso fazer com profissionalismo. Isso tudo me dá motivos para seguir em frente e aprender mais e mais”, diz.

Nesta edição da Mostra foram selecionadas 248 fotografias de um total de 786 imagens inscritas, além de nove vídeo reportagens. Todos os materiais foram produzidos ao longo de 2021.

CAINGANGUES E PANDEMIA

A Mostra contará com dois trabalhos de Fontana. Uma imagem é a de uma menina indígena logo após o incêndio que destruiu seis moradias no Centro Cultural Caingangue, em agosto do ano passado, na zona sul de Londrina.

“No fotojornalismo independente você acaba trabalhando um pouco de acordo com seus interesses, investindo tempo e arcando com os custos. Eu já conhecia o Centro Cultural pelo Coletivo Conexões, que realizou algumas ações sociais com as famílias de lá, e minha expectativa era, de alguma forma, sensibilizar e mobilizar a sociedade para aquela situação. Quanto maior a repercussão, mais ajuda poderia chegar”, diz.

Os registros que Fontana fez no HU (Hospital Universitário) de Londrina também estarão na Mostra. Após uma longa negociação com a direção do hospital para frequentar as alas de emergência e internamento, ele registrou, durante 17 horas, os atendimentos emergenciais da doença, no mês de abril.

“Por ser independente, a autorização para entrar em ambientes como um hospital se torna mais difícil. É por isso que a Mostra também é o resultado de toda a construção de um trabalho profissional, ético e de respeito. Como meu trabalho não está amparado por nenhuma empresa, o gostinho desse reconhecimento é muito especial”, afirma.

FORTALECER

“Todo mundo precisa pagar contas, mas, ao meu ver, na profissão independente o dinheiro não é o primeiro plano e sim a causa. As prioridades são cada um que determina e acho que quem escolhe esse caminho quer contribuir, ajudar de alguma forma”, pondera Fontana, que entre os projetos comunitários nos quais atua voluntariamente está a Rede Lume de Jornalista, um site de notícias independente com foco em Direitos Humanos.

De mudança para São Paulo, em busca de mais oportunidades na profissão, Fontana leva na bagagem o desejo de manter a essência do olhar sempre aberto para as feridas abertas do País e o sonho continuar fotografando por todos os cantos, especialmente a Amazônia. “Nunca vou fazer de outra forma. Pode haver momentos em que terei menos tempo para me dedicar, mas é o que eu sou. Vou trabalhar para mim, mas fortalecer em conjunto sempre”, diz.

SERVIÇO A Mostra Anual de Fotojornalismo pode ser conferida no site www.arfocsp.org.br . O perfil de Isaac Fontana no Instagram é https://www.instagram.com/isaac_fontana/

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