O decreto de n.º 457, publicado no Jornal Oficial do Município n.º 4041 em 11 de abril, determinou o uso obrigatório de máscara de proteção individual para circular em Londrina. Assim, desde o dia 15 daquele mês, cidadãos devem usar as máscaras de tecido no transporte coletivo, durante as atividades laborais, na prestação de serviços, no comércio, em atividades realizadas em ambientes fechados e para adentrarem em qualquer prédio público como, por exemplo, na sede da Prefeitura de Londrina.

Dentro da lei, o londrinense não demonstrou dificuldade em aderir ao equipamento de proteção individual e muitos são os modelos que podem ser vistos por quem precisa sair de casa. Das cirúrgicas, às de personagens de desenhos animados, há as florais e além dos motivos, os formatos também variam, sendo que a chamada 3D, pela ampla cobertura, tem sido bastante procurada.

Ao mesmo tempo que a pretinha básica não sai do rosto de quem sabe que precisa estar dentro da lei, modelos divertidos produzidos pelo fotógrafo Claúdio Nonaca caíram , literalmente, nas graças da população e além dos londrinenses, os pedidos chegam de várias partes do Brasil. O grande diferencial é que a máscara é feita de modo personalizado e com o sorriso do indivíduo. Sim. Sorria, você está mascarado e personalizado. "Foi batata".

Para imprimir os sorrisos é usada uma prensa a 200 graus para fazer a transferência da imagem
Para imprimir os sorrisos é usada uma prensa a 200 graus para fazer a transferência da imagem | Foto: Divulgação

O negócio é sério e tem feito muito sucesso. Para alegria do empresário, que atua na confecção de crachás empresariais, não foi preciso fazer qualquer investimento, pois a ferramenta ele já possuía. "Trata-se do mesmo equipamento que uso para imprimir os cordões de crachás das empresas." De acordo com Nonaca, uma prensa a 200 graus faz a transferência da imagem - e no caso da máscara ela passa por um segundo processo. "Terceirizei a mão-de-obra para uma empresa com capacidade para atender os pedidos e antes disso contei com a orientação de uma artesã para chegarmos ao modelo ideal - de proteção e conforto e seguindo as recomendações da OMS- Organização Mundial de Saúde.

QUEM TEM AMIGO, TEM TUDO

A máxima popular cai como uma luva nesse caso, pois foi em razão de um amigo irreverente que a primeira máscara foi confeccionada e testada. "Eu vi um vídeo belga em que a pessoa imprimia o sorriso e colocava na máscara branca, daí me veio o estalo. O Edmilson é meu amigo há 20 anos, desde a época da faculdade e quando fomos à Prefeitura para tratar de assuntos burocráticos, ele foi com a máscara. Cada um que o via com a máscara que estampava o próprio sorriso dele comentava e caia na gargalhada já querendo saber onde comprou. Ele é um 'sarrista' e esse dia foi determinante para que eu acreditasse que haveria saída do produto", expõe.

Foi no início de julho que os primeiros pedidos chegaram e o prazo inicial para entrega era de cinco dias úteis. "Com a crescente demanda, passamos a pedir sete e agora 10 dias úteis para cumprir o trato", detalha. Nonaca considera que o bom humor do brasileiro fez a diferença, sem deixar de lado todos os cuidados necessários nesse momento. "Deve ser lavada e passada normalmente".

As máscaras sorridentes preencheram um vazio - onde havia um sorriso escondido, agora ele é escancarado pelo fotógrafo. O semblante aparentemente sisudo ganhou outra forma e segundo o empresário, há quem escolha fazer mostrando a língua, com biquinho, com cara de bravo e a criatividade dos clientes não cessa. Se tem sorriso Monalisa, Nonaca não confirma, pois diante da procura, não dá conta de ver tudo o que chega como no comecinho. "Chegam pedidos de São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia. Das regiões próximas, Maringá, Paranavaí, Cambé, Rolândia e Apucarana", cita. Segundo Nonaca, nenhum pedido é para uma única peça. "As famílias já pedem o pacote: Três, cinco, oito e todo mundo quer ficar protegido e divertido na pandemia. A reação é instantânea e recentemente tive um pedido de 100 unidades." No começo cada uma saia por R$ 29,50 reais, agora Nonaca está com valor promocional R$20,65 para o consumidor.

O fotógrafo Cláudio Nonaca e sua equipe: ideia de fazer máscaras com o próprio sorriso das pessoas deu tão certo que ele hoje atende a pedidos de todo Brasil
O fotógrafo Cláudio Nonaca e sua equipe: ideia de fazer máscaras com o próprio sorriso das pessoas deu tão certo que ele hoje atende a pedidos de todo Brasil | Foto: Divulgação

Afetado pela pandemia em seu setor, o fotógrafo considera que foi uma escolha assertiva. "Estou de certa forma promovendo também uma cadeia de negócios, pois não comprava tecido, as costureiras receberam trabalho extra e como estamos na pandemia e sabemos dos riscos do Covid-19, todo o processo do pedido e entrega pode ser feito sem a necessidade presencial. "A pessoa envia a foto, fazemos o tratamento necessário e enviamos por Sedex. Aqui na cidade, há opção de retirar na empresa ou receber via entregador", explica. O passo a passo está no site da empresa .

Satisfeito com o faturamento, Nonaca disse que chegaram a dizer que ele deveria patentear a ideia. "Isso é complicado, requer fiscalização e assim como eu, desejo que outras pessoas arrumem um jeito novo de ganhar dinheiro - podem até copiar a ideia. Estamos numa pandemia, muitos colegas estão sem trabalho e alguns pedem para eu ajudar com um desconto: o fotógrafo envia uma remessa de 20 clientes particulares e eu faço, sim, o desconto", alegra-se. Advogados, representantes comerciais, entre outros profissionais viram na máscara personalizada um objeto de desejo. "As crianças se sentiram mais motivadas e até o prefeito mostrou a dele nas redes sociais. Foram mais de 5 mil visualizações", enumera.