A feira livre dos Cinco Conjuntos, na zona norte, é considerada a maior de Londrina. Atrai milhares de pessoas todos os domingos e é realizada ao longo de 16 quadras. O comércio funciona na avenida Saul Elkind, entre as ruas Gessi Eugênio da Silva Caboclinho. Porém, se estende de forma informal até o cruzamento com a rua Odilon Braga.

Imagem ilustrativa da imagem FOLHA percorre as 16 quadras da Feira do Cincão
| Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

A feira da zona norte possui características diferentes de outras feiras livres da cidade. Mistura os conceitos de feira do produtor, camelódromo, mercado das pulgas e de brechós. É como se fosse um pequeno centro comercial a céu aberto em que é possível encontrar “de tudo”. Se você quiser panelas de alumínio ou tachos de cobre, você acha por lá. Se a ideia é comprar um aspirador de pó, também encontra. Se o objetivo é comprar uma roupa, seja de adulto ou de bebê, pronto, ali é o local certo. Cintos, carteiras, vasos de flores, bugigangas eletrônicas, enxadas, pás, rastelos, galinhas e patos vivos, pescados frescos, bijuterias, tapetes, livros, móveis, a lista é enorme. Claro que os produtos de uma feira livre tradicional também estão presentes, como verduras e legumes, embutidos, pastéis, pó de café moído na hora e queijos dos mais diversos tipos.

OBJETOS ‘ANTIGOS’

Valdeir Carrasco Cantoni, 50, comercializa objetos antigos. "Trabalho com ferro-velho há 20 anos e quando chegam coisas antigas a gente separa para comercializar na feira. Sempre vende bem. Os principais clientes agora são os mais jovens. Tem objetos que eles nunca viram na vida, como uma furadeira manual, ou um traçador. Eles só ficam sabendo para que servem depois de perguntarem a seus pais", destaca.

Imagem ilustrativa da imagem FOLHA percorre as 16 quadras da Feira do Cincão
| Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

DE SAPATEIRO A PEIXEIRO

 Ademir Vieira virou pescador profissional e trabalha na feira há 22 anos
Ademir Vieira virou pescador profissional e trabalha na feira há 22 anos | Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

Dizem que uma vez feirante, sua alma permanece eternamente como tal, tamanho é o prazer que gera ao ter esse contato com o público. Ademir Vieira, 64, trabalha na feira há 22 anos e começou vendendo calçados. "Deixei de fabricar sapatos e passei a fazer pesca profissional e hoje comercializo peixes. Estou no ramo há 17 anos", destaca Vieira, que comercializa 12 tipos de peixes, que ele pesca e compra de terceiros. Ele relata que precisa ter lábia e simpatia para atender os clientes. "O público da feira é diferente do de loja. Público da feira você tem que conversar e, dependendo da pessoa, você tem que conversar mais", afirma.

Imagem ilustrativa da imagem FOLHA percorre as 16 quadras da Feira do Cincão
| Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha
Imagem ilustrativa da imagem FOLHA percorre as 16 quadras da Feira do Cincão
| Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha
Imagem ilustrativa da imagem FOLHA percorre as 16 quadras da Feira do Cincão
| Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

CONFEITEIRA

A confeiteira Thais Aleixo Calcagnoto
A confeiteira Thais Aleixo Calcagnoto | Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

A confeiteira Thais Aleixo Calcagnoto, 27, produz bolos de pote, geladões gourmet, brigadeiros e outras delícias. Embora trabalhe na feira há poucos meses, ela, que é moradora dos Cinco Conjuntos, aposta na venda de doces para se firmar como empreendedora da área. "Para mim é a melhor feira de Londrina", destaca.

DO PRODUTOR

Jovina Monteiro é fundadora da Feira do Produtor, que tem 40 anos de atividade. São de 32 a 39 feirantes produtores entre as mais de 300 barracas que funcionam no local. "Aqui antes era só cafezal. Quando abriram os conjuntos, abriu a feira junto. É uma das melhores feiras que eu conheço no Norte do Paraná. Ela começou no Conjunto Semíramis, e se mudou para a Saul Elkind conforme ela foi crescendo", explica. Ela só tem elogios para a feira (“ a turma daqui é educada, gente boa”), mas ressalta que é preciso trabalhar muito, enfrentando chuva e sol. "Não temos sábado, domingo e feriado, porque nós plantamos e colhemos tudo".

Imagem ilustrativa da imagem FOLHA percorre as 16 quadras da Feira do Cincão
| Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha
Imagem ilustrativa da imagem FOLHA percorre as 16 quadras da Feira do Cincão
| Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha
Imagem ilustrativa da imagem FOLHA percorre as 16 quadras da Feira do Cincão
| Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

Quem agradece são clientes como a diarista aposentada Antônia Modesto Gabriel, 67, moradora do conjunto Violin, que adquiriu laranjas no dia em que a reportagem fez a matéria. "Eu não falto. Venho todo domingo, com exceção dos dias que estou viajando. Aqui temos mais opções que nos mercados. É gostoso porque a gente aproveita para fazer um passeio. Ela era em uma rua no Semíramis e ocupava duas quadras. Eu não esperava. A gente tem orgulho de ter uma feira boa assim."

CALOR HUMANO

E se o leitor procura calor humano, ali é o local exato. O corredor formado no meio da via pelas barracas é mais estreito que o da feira da rua Alagoas, por exemplo, e isso faz com que as pessoas circulem próximas umas das outras. Com isso é muito comum ouvir cumprimentos esfuziantes de pessoas que há tempos não se encontram. A costureira Sueli Conceição, 60, mora nos Cinco Conjuntos há 13 anos e desde então frequenta a feira. Ela relata que é ali que encontra velhos amigos. "Tem pessoas que não via há mais de cinco anos. A gente come um pastel, toma um suco, passeia um pouco e depois vai embora para casa. Cada fim de semana é uma pessoa diferente que a gente se esbarra. São amigos dos velhos tempos que a gente acaba encontrando aqui", destaca.

SOTAQUE BAIANO

Cristiane Oliveira comercializa acarajé
Cristiane Oliveira comercializa acarajé | Foto: Vítor Ogawa/Grupo Folha

O calor humano é percebido mesmo para quem é de fora. Cristiane Oliveira comercializa delícias baianas há alguns meses. "Faço acarajé, mungunzá, bobó de camarão. Trouxe toda a culinária da Bahia para cá. Eu sou pioneira nesta feira com o acarajé. O público tem gostado muito. É maravilhoso trabalhar aqui. O povo de Londrina me deixou surpresa pelo carisma. Fui muito bem recebida", destaca.