A tarde do dia 15 de março mudou a vida do empresário Rogério Lacerda César, 39 anos. Como fazia há cinco anos, ele e um grupo de amigos saíram de Londrina com suas motocicletas potentes em um passeio que deveria terminar em Maringá. Ao chegar na PR-444, em Arapongas (Norte), Roger, como é conhecido, colidiu de frente com um veículo e seu corpo foi arremessado por cerca de 90 metros. Ele perdeu o braço e a perna esquerdos no acidente, mas garante que em momento algum questionou Deus pelo que havia acontecido. Segundo Roger, o acidente deve servir de alerta para as pessoas serem mais cautelosas.
Consciente o tempo todo durante a colisão, Roger afirma que não sentiu dor e atribuiu a Deus a sua sobrevivência. ''Os amigos que seguiam ao lado, também de moto, disseram que viram meu corpo se chocar contra o chão e pular como se fosse uma bola de capotão. O motor da moto explodiu. Acho que foi um milagre de Deus eu sair vivo desse acidente'', comentou.
Para o empresário, todos acontecimentos que precederam o acidente tiveram alguma ''ligação''. Ele se emociona ao contar que duas semanas antes da tragédia encomendou em São Paulo um capacete especial, extremamente resistente a impacto. Além do capacete, naquele dia ele usava um macacão que possuía protetor de coluna. Outro fator que chamou a atenção de Roger foi o fato de três médicos participarem do passeio, o que fez com que seu quadro não se agravasse mais até a chegada ao Hospital João de Freitas, a cerca de 800 metros do local do acidente.
Roger confessa que estava a mais de 100 quilômetros por hora, mas afirma que outro veículo foi o causador do acidente. ''Sempre fui apaixonado por motos, todo sábado a gente fazia esse passeio. Não digo que foi despreparo meu, mas com certeza, hoje meus amigos estão mais cautelosos. Alguns chegaram a colocar suas motos à venda, outros nem participam mais do passeio'', revela.
Foi ainda no hospital, onde permaneceu 12 dias, que Roger refletiu sobre o que tinha acontecido. Evangélico há 12 anos, ele disse que estava afastado da igreja e acredita que o acidente serviu para que valorizasse mais a sua família e a vida.
Daqui a alguns dias Roger vai abandonar a cadeira de rodas e poderá andar com a ajuda de uma prótese. Ele quer providenciar também uma carteira de habilitação para veículo adaptado para pessoas com deficiência. A esposa de Roger, Janaina Duarte Taguchi César, 35 anos, admira a determinação do marido. ''Esses dias ele desceu a escada de casa sozinho e, quando eu fui ver, já estava no carro. Até a psicóloga que chegou a vir aqui em casa umas duas vezes acabou desistindo porque viu que ele estava super bem'', comentou a mulher, que hoje ajuda na maioria das atividades da empresa, a Roger Pneus.
''Em momento algum questionei Deus pelo que havia acontecido comigo. Fiquei extremamente feliz em perceber que ganhei uma nova vida. Eu gostava muito de me divertir e nunca imaginei que isso pudesse acontecer porque confiava muito na minha habilidade. Hoje posso dizer que deveria ter sido mais cauteloso.'', finalizou.
O empresário realizará um culto de ação de graças para relatar seu caso, no dia 7 de junho, às 19h30, na Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Londrina, localizada na Rua São Vicente, 168.