Para agradecer, perdoar ou fazer um pedido à Nossa Senhora Aparecida. Por diferentes motivos, os devotos da padroeira do Brasil comparecem ao Santuário localizado na Vila Nova, região central de Londrina, nesta segunda, 12 de outubro, data em que as comemorações em torno da santa de concentram.

Em razão da pandemia da Covid-19, essa foi uma celebração atípica e no local por onde chegavam a passar 30 mil pessoas ao longo do dia todos os anos, as regras sanitárias reduziram para 250 o número de fiéis em cada missa. No total, foram sete momentos de solenidade neste 12 de outubro.

Sete missas foram celebradas ao longo de todo o dia
Sete missas foram celebradas ao longo de todo o dia | Foto: Walkiria Vieira

Do ponto de vista do arcebispo Dom Geremias Steinmetz, embora com regras limitadoras, o evento é vivenciado com profundidade. "Vemos uma pessoa representando famílias inteiras e se colocando à disposição para estar rezando aqui pelos outros", observa. O arcebispo também destacou a importância da oração pelos doentes e profissionais de saúde comprometidos em cuidar de quem foi acometido pelo coronavírus.

Diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a funcionária pública Clelza Maria dos Santos se emociona. "Esse momento para mim representa tudo. Sou devota desde criança e estou com um problema de saúde muito grave, então vim pedir uma libertação para a minha cura", expõe. Moradora do Jardim Antares, região leste de Londrina, a católica confia nos pensamentos positivos. "Já foi uma benção ter conseguido agendar. Tinha que ser pela Internet, mas não tenho em casa e com esforço consegui e estou aqui, muito feliz.

Clelza Maria dos Santos: "Vim pedir pela minha cura"
Clelza Maria dos Santos: "Vim pedir pela minha cura" | Foto: Walkiria Vieira

Do lado de fora, mas observando e ouvindo toda a missa, a professora aposentada Maria Virginia Berninni também renova sua fé. Moradora das proximidades do Colégio Vicente Rijo, centro de Londrina, Berninni se deslocou ao santuário com o marido porque para ela 12 de outubro é uma data muito especial. "Eu me consagrei afilhada de Nossa Senhora Aparecida, ela é minha madrinha e isso tem um significado muito especial em minha vida e de minha família", resume.

Maria VirginiaBerninni: mesmo do lado de fora, fé se renova
Maria VirginiaBerninni: mesmo do lado de fora, fé se renova | Foto: Walkiria Vieira

De acordo com a coordenadora geral do evento, Lilian Strass Miatto, a pandemia tornou o encontro mais detalhado e por isso exigiu mais atenção principalmente aos protocolos de higiene e distanciamento. "Só a nave comporta 3 mil pessoas, mas tivemos que limitar o acesso a 250 pessoas por missa e a distribuição se deu em toda a extensão do santuário", explica. "Sinceramente, é mais fácil atender 30 mil pessoas porque já tínhamos um modelo organizado, mas nos adaptamos ao atual momento e os devotos agradeceram e elogiaram nossos esforços", diz.

As 250 pessoas foram distribuídas em todo o santuário
As 250 pessoas foram distribuídas em todo o santuário | Foto: Walkiria Vieira

À frente da coordenação pelo quarto ano consecutivo, Miatto destaca que cada horário de missa contou com uma cor diferente de pulseira e após cada celebração, todos os espaços eram totalmente higienizados. "Nosso santuário é o segundo maior do Brasil e sentimos orgulho e assumimos a responsabilidade também para um evento desse porte. "A chegada dos romeiros é emocionante e no ano de 2021, além de uma festa especial, estaremos empenhados na de 2022, quando o Santuário completa 25 anos e nossa paróquia 75", adianta.

Lilian Strass Miatto: a chegada dos romeiros é emocionante
Lilian Strass Miatto: a chegada dos romeiros é emocionante | Foto: Walkiria Vieira

CONFRATERNIZAÇÃO POPULAR

Sem o movimento habitual, a redução de fieis ao Santuário londrinense alterou o fluxo de caixa dos ambulantes que se organizam no entorno do espaço todos os anos. Vendedor de pipoca, o ambulante Carlos Fião recorda que desde o ano de 1980 marca ponto na festa dos católicos. "Era uma média de cinco a seis quilos de milho para arrebentar, hoje não dá gosto de contar".

Segundo Fião, as famílias chegavam e ficavam. Umas emendavam até duas missas, as crianças ficavam nos brinquedos, pois montavam parquinho e tinha de tudo o que você imaginar: pula-pula, inflável, milho verde, cachorro quente, roupa, artesanato, caldo de cana, sorvete, churros, algodão doce. Parecia quermesse. Mas de uns anos pra cá a fiscalização já não permitia tanta aglomeração, esse ano com o corona está fraco, fraco." A venda de máscaras foi novidade no evento. "Mas todo mundo já vem de casa, então nem vende".