Esperando o dia em que, enfim, poderão ter as chaves do apartamento, famílias contempladas em 2017 para morarem no Alegro Village, no Jamile Dequech, região sul de Londrina, mostraram preocupação com o empreendimento se tornar um novo Flores do Campo. O residencial da zona norte está inacabado e ocupado desde 2016, quando famílias tomaram conta do lugar diante da paralisação das obras.

As pessoas que vão viver no Alegro Village expuseram o medo constante de perderem o sonho de ter o próprio imóvel em reunião realizada, nesta quarta-feira (6), na Câmara de Vereadores. “A reunião foi boa, mas queremos uma posição oficial de quando vão tirar a empresa que não terminou a obra. Não sabemos quando vão invadir, porque existe o risco”, alertou Rodrigo Silva Marin, que há 15 anos está na fila da Cohab (Companhia de Habitação de Londrina). “Moro de aluguel com a minha mãe”, comentou ele, que tem deficiência visual.

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O receio das famílias aumentou depois que houve uma tentativa de invasão na última sexta-feira (1º), que acabou frustrada pelas forças de segurança. “Para mim, como sorteado, estou muito ansioso (para poder morar), assim como muitas famílias, que hoje estão morando de favor, com os pais, muitas em situação de risco. O atraso está inflamando as pessoas que querem invadir”, destacou o cozinheiro Wellington Luiz Batista da Silva.

O Alegro Village começou a ser edificado em 2014 com 144 apartamentos, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal. No entanto, a construtora decretou falência e abandonou a estrutura em 2018, com cerca de 90% de execução. Em 2019, a retomada da obra foi anunciada, com prazo de um ano para término, o que não foi concretizado. A empresa que assumiu a continuidade das intervenções tem alegado falta de entendimento com a Caixa Econômica Federal para não finalizar o empreendimento.

Imagem ilustrativa da imagem Famílias temem nova tentativa de invasão no Alegro Village
| Foto: Roberto Custódio

MONITORAMENTO

Durante o encontro no legislativo, que contou com a participação de vereadores, representantes das forças de segurança e Caixa, o secretário municipal de Defesa Social ressaltou que existe um monitoramento do local, assim como o temor com a possibilidade de um confronto, em caso de nova tentativa de invasão.

“Um confronto sempre é negativo, não sabemos o desdobramento. Por isso, trouxemos para a Caixa essa preocupação, para que possamos ter prevenção. Temos uma UBS (Unidade Básica de Saúde) próxima, então, a nossa viatura sempre está ali, assim como a PM (Polícia Militar). Mas temos que lembrar que é um empreendimento conduzido por empresa privada e não podemos fazer ponto base ali para ficar cuidado (o dia todo). Porém, enquanto órgão público, estamos preocupados”, elencou o coronel Pedro Ramos.

SEGURANÇA PRIVADA

Na reunião, os representantes da Caixa Econômica informaram que no fim da semana passada foi colocada segurança privada 24 horas por dia e que uma invasão pode inviabilizar outros empreendimentos com financiamento federal em Londrina. “A legalidade precisa ser mantida, porque, não serão apenas as 144 famílias sorteadas que poderão ser prejudicadas”, avisaram. Eles não falaram com a imprensa após o encontro.

ROMPIMENTO DE CONTRATO

O contrato com o banco federal e a empresa que não terminou a construção vai até o dia seis de outubro. “Queremos que o contrato seja rompido (antes), até porque já houve falha no contrato. Precisamos de uma solução urgente para trazer tranquilidade para os verdadeiros donos dos apartamentos”, conclamou o vereador Roberto Fú. O parlamentar também criticou a ausência de pessoas ligadas à empreiteira na reunião. “Isso acaba prejudicando.”

Segundo o presidente da Cohab, a Caixa disse que pretende romper o vínculo com a construtora. “A partir da quebra de contrato farão um chamamento rápido, uma outra construtora assume e em 60, 90 dias essa obra poderá estar pronta e no ano que vem as famílias poderão estar morando no empreendimento”, projetou Bruno Ubiratan. A obra tem cerca de 8% de serviços restantes a serem executados.

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