Cerca de 250 famílias do Eli Vive, na zona rural de Londrina, protestaram nesta terça-feira (28) na prefeitura contra a situação das estadas rurais do assentamento, que no total tem 109 quilômetros de vias de terra. “Está em estado de calamidade. Não temos mais o que fazer, não existe mais estrada. Chegou um ponto que não podemos nem chamar de carreador mais”, desabafou Sandra Flor Ferres, uma das lideranças da comunidade.

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Segundo os moradores, a situação piorou com as chuvas registradas nos últimos dias. “Têm crianças não estão conseguindo chegar na escola há duas semanas. Somente aquelas que ficam perto ainda conseguem, porque vão a pé. Mas as que moram longe, porque o assentamento é grande, não. Tem criança que vive perto do distrito de Paiquerê”, relatou.

Outra dificuldade é a produção agrícola da comunidade, que fica a 53 quilômetros de distância do centro. “Estamos prestes a fazer a colheita do feijão e do jeito que está não vamos conseguir escoar. Temos tido problemas para a merenda escolar chegar na cidade. A produção de hortaliças de diversas famílias está perdendo, porque não é possível levar para a Ceasa. Tudo por conta da estrada”, listou.

O Eli Vive foi criado oficialmente em 2010 pelo Governo Federal e possui uma área de mais de 7,3 mil hectares, sendo o maior assentamento em regiões metropolitanas do Brasil. São 501 famílias, que totalizam uma população superior a três mil pessoas. Em março, a comunidade denunciou a falta de estrutura das estradas ao MP-PR (Ministério Público do Paraná).

Assentamento tem 109 quilômetros de estradas de terra: "estado de calamidade"
Assentamento tem 109 quilômetros de estradas de terra: "estado de calamidade" | Foto: Divulgação

Segundo Ferrer, os moradores que estiverem no prédio do Executivo, nesta terça-feira, foram recebidos posteriormente pelo prefeito, Marcelo Belinati, e secretários municipais. “O representante do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) esteve presente e foi prometido pelo município que a partir de quarta-feira (29) os pontos críticos serão mapeados junto com as famílias para um trabalho paliativo, em que vão passar máquinas para nivelar e será jogado cascalho”, destacou.

‘AÇÃO MAIS DURADOURA’

Por meio de nota, o Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina confirmou que Belinati recebeu os manifestantes no auditório e que, numa parceria com o Incra, será feito o serviço emergencial nas estadas internas. “O prefeito anunciou ainda que foi realizado um convênio de R$ 5 milhões para uma ação mais duradoura nas estradas rurais que está em tramitação na secretaria municipal de Obras para a contratação da empresa que fará os projetos complementares da estrada”, frisou.

O texto ainda ponderou que a “área rural vem recebendo uma série de benfeitorias nos últimos anos, com a nova ponte entre Guairacá e Paiquerê, sobre o ribeirão Gramadinho, e a recuperação da rodovia entre Paiquerê e Irerê, além da construção da Escola Municipal Eli Vive.”

ALERTA

Os moradores garantiram que se as promessas não forem cumpridas, irão retornar para um ato maior. “Se nada acontecer vamos voltar com estrutura de cozinha, colchões e vamos ficar embaixo da marquise da prefeitura esperando uma solução”, alertaram.

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