O lançamento da 8ª Operação Noite Fria, que a Secretaria de Ação Social de Londrina faria ontem, foi adiado porque as secretarias municipais de Administração e Fazenda não liberaram os recursos necessários para o recolhimento e atendimento dos indigentes e pessoas sem abrigo em albergues e entidades assistenciais da cidade.
De acordo com a assessora geral da secretaria de Ação Social, Neiva Vieira, todo o planejamento para a deflagração da operação está montado e aguardando apenas a liberação das verbas necessárias pelas outras secretarias. Ela não soube precisar o valor solicitado para a realização da oitava edição da Noite Fria, mas ressaltou que se trata de recurso previsto no orçamento anual da prefeitura.
‘‘A equipe está treinada, os percursos estão definidos, as escalas estão montadas. Agora, só falta a liberação da verba para a assinatura do termo de cooperação com as entidades assistenciais e o início efetivo das atividades da operação. Acredito que isto ocorra em poucos dias’’, comentou Neiva Vieira, lembrando que a previsão é de que a Noite Fria dure, como nos anos anteriores, até o final de agosto.
O dinheiro ainda não liberado é para o combustível e manutenção de um veículo, para o pagamento das horas extras dos cinco membros da equipe, a alimentação das pessoas recolhidas e a compra de alguns materiais. Em Londrina, há três locais onde os recolhidos podem passar as noites de frio: o Albergue Noturno, a casa do Serviço de Obras Sociais (SOS) e o abrigo Bom Samaritano.
Foi exatamente o Bom Samaritano, que conta com 100 vagas, o primeiro a sentir os efeitos dos últimos dias de frio mais intenso. ‘‘O aumento pela procura de vaga para pouso e alimentação já aumentou cerca de 10% nesta semana. Ontem, 66 pessoas pernoitaram aqui’’, disse o coordenador geral da entidade, Thirso Cannela.
Na opinião dele, é muito ruim a demora da prefeitura em iniciar a operação de apoio às entidades e de recolhimento dos que sofrem com o frio noturno nas ruas da cidade. ‘‘Infelizmente, está atrasado. A prefeitura ainda não se manifestou neste ano a respeito desta operação’’, comentou Cannela, ressaltando que os usuários chegam até a entidade por conta própria ou levados por viaturas da Polícia Militar.
No SOS, que conta com apenas 14 leitos em dois quartos, a assistente social Marilza Cardoso Yoshinaga começa a preparar a sala de TV para servir como dormitório de maneira adaptada. ‘‘Por enquanto, ainda não sofremos o impacto destes dias de frio. Aqui não aumentou a procura por leitos. Mas, como temos 30 anos de experiência, sabemos que a clientela vai aumentar em breve. Já estamos com cerca de 20 colchões preparados, mas precisamos da doação de corbetores e agasalhos’’, explicou.
Ao contrário do Albergue e do Bom Samaritano, a casa do SOS atende exclusivamente adultos masculinos. Também diferentemente dos dois outros abrigos, este não oferece pernoites por tempo indeterminado ou de forma permanente. ‘‘Nossos usuários ficam aqui por poucos dias ou no máximo semanas, para tratamento médico, procura de emprego, na busca de familiares ou até alugar uma casinha. Estão de passagem’’, disse Marilza Yoshinaga.
O Albergue Noturno, mais antiga entidade deste setor e que atende desde 1953, conta com 36 moradores fixos – dez dos quais homens – e outras 95 vagas para, no máximo, três pernoites. ‘‘O frio chegou, mas ainda não aumentou nossa clientela para pouso. A procura tem sido maior para as refeições’’, contou o encarregado administrativo do Albergue, Wilson Fernandes da Silva, ressaltando que na noite passada cerca de 70 pessoas dormiram no abrigo.
Nenhuma das três entidades tem o serviço de recolhimento dos indigentes e pessoas necessitadas pelas ruas. Elas sobrevivem de doações particulares ou de igrejas, além das verbas que recebem de convênios com a prefeitura.