Na ida, a equipe da Folha passou sem problemas pelo Rio Canasvieiras, mas na volta o carro precisou de um ‘empurrão-
zinho’. O rio é uma das maiores barreiras no caminho por terra, sem contar os búfalos, buracos e o medo dos capangas
De um lado a Fazenda Estrela e os búfalos. Do outro, o Oceano Atlântico. Dos outros dois, a mata. No meio, isoladas, as 19 famílias que restam na comunidade de Rasgadinho. Para comprar mantimentos, ir ao banco ou ao posto de saúde, coisas simples para qualquer cidadão do Estado, eles são obrigados a fretar um barco. Chegam à localidade de Cubatão depois de uma jornada de quase duas horas, por rio e mar. Mesmo que quisessem chegar a pé ou de carro até Limeira, passando pela fazenda de Cavalcanti, os agricultores encontrariam dificuldades pela precariedade do caminho.
Dificuldades enfrentadas pela equipe da Folha para chegar à vila. Cerca de 30 quilômetros de estrada de chão, passando pela Serra da Limeira, às margens da BR-277, em Morretes, tomaram mais de uma hora. Estreita, em vários trechos as árvores parecem querer abraçar a estrada. Em outros, as pedras e os atoladouros castigam o carro. O maior dos obstáculos, porém, é o rio Canasvieiras, que em certo ponto interrompe a estrada.
Os frequentadores de um bar, localizado na margem esquerda do rio, avisam que por ali o carro não passa. ‘‘Só passam motocicletas, caminhonetes e caminhões’’. O carro do jornal vence as águas na ida, o que não iria ocorrer na volta - o veículo teve que transpor o rio empurrado pelos repórteres e um morador.
Na porteira que divide a fazenda da comunidade de agricultores, uma surpresa: cerca de 50 cabeças de búfalo bloqueiam a passagem. A equipe pensa em retornar até Garuva, em Santa Catarina, e ir de barco para Rasgadinho, mas é tarde. O carro avança lentamente entre os animais, cutuca-os e eles vão desobstruindo a passagem. Os animais não se assustam, nem atacam.