Trezentas e quarenta crianças estão cadastradas no Paraná - junto à Comissão Judiciária de Adoção (Ceja/PR) - à espera de famílias que desejem adotá-las. O número de crianças não cadastradas, entretanto, pode ser quatro vezes maior. Apesar de 264 casais no Estado estarem na fila para adotar, ao lado de outros 325 casais estrangeiros, as exigências dos adotantes - crianças saudáveis, com até dois anos e de preferência meninas - atrapalham.
Um dos principais objetivos da campanha Adotar é Legal, lançada ontem, em Curitiba, é quebrar tabus e mostrar que é possível amar uma pessoa independente de suas caraterísticas. ‘‘A maior parte das crianças que aguarda adoção são meninos com mais de quatro anos ou que têm irmãos’’, explicou a coordenadora da Ceja/PR, a assistente social Jane Pereira Prestes.
O desembargador Oto Luiz Sponholz, presidente da Ceja/PR, explica que é fácil adotar uma criança. Por não saberem como funciona um processo de adoção, lembra, muitos casais optam pela ‘‘adoção à brasileira’’ - quando os pais biológicos entregam diretamente o filho a terceiros, que fazem o registro em cartório em seus próprios nomes.
Estima-se que para cada adoção legal no Estado ocorrem outras 15 ilegais. Esta prática é crime previsto no Código Penal. ‘‘A pena varia de dois a seis anos de prisão’’, explica o juiz da 2ª Vara da Infância e da Adolescência, Fernando Wolff Bodziak.
O casal Lucídio Kuhn e Ana Elisabete da Luz, ambos com 32 anos, estão aguardando há dois meses para adotar uma criança e garantem que o processo é menos complicado do que imaginavam. ‘‘Apresentamos a documentação necessária e fomos entrevistados por uma assistente social’’.
Segundo Sponholz, o processo de adoção demora cerca de 90 dias. Hoje, existem 1.615 processos em andamento em Curitiba. Para adotar uma criança basta ter no mínimo 21 anos, apresentar documentos como atestado de sanidade mental, comprovante de renda e de bons antecedentes.