Há mais de cinco décadas, um padre, que nasceu no Japão e viveu os horrores da Segunda Guerra Mundial, se dedica a amenizar a dor de uma infinidade de marginalizados pela hanseníase no Norte do Paraná. Haruo Sasaki, 79 anos, vive em São Jerônimo da Serra, onde fundou um hospital especializado em doenças dermatológicas.
  Ele saiu da terra-natal na segunda metade do século 20, atendendo a pedido do arcebispo de Londrina, dom Geraldo Fernandes, que viu a necessidade de trazer para a região padres japoneses, capazes de se comunicar com os muitos imigrantes nipônicos. Depois de 12 anos trabalhando em Londrina, foi transferido para Cornélio Procópio. Em uma Semana Santa foi enviado pelo bispo daquela diocese para São Jerônimo da Serra, onde casualmente encontrou um homem com os braços enfaixados. Vítima de hanseníase, o homem, por vergonha, disse tratar-se de ‘‘picada de cobra’’.
  Ao constatar que havia muitos hansenianos abandonados na zona rural, Sasaki decidiu criar um local para que pudessem se tratar. Nasceu assim a Sociedade Filantrópica Humanitas, que já tratou de 1.526 casos de hanseníase e 34,5 mil outros casos de dermatologia. É referência na região e atende pessoas de dezenas de municípios. Mesmo assim, o religioso, com sua fala tranquila e jeito simples, tem a humildade de se questionar se fez tudo por amor puro ou se há um pouquinho de orgulho no meio de sua obra.


Foi durante essa guerra que o Japão sofreu dois ataques de bombas atômicas, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, matando mais de 200 mil japoneses e deixando milhares com sequelas devido à radiação


Doença infecciosa que afeta os nervos e a pele. Antigamente, havia muito preconceito em relação a quem tinha essa doença, também chamada de lepra.
Se tratada a hanseníase tem cura


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