Executivos da Chilgener admitem desistir do projeto
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sexta-feira, 31 de outubro de 1997
Cristine Pieske
Curitiba
Albari RosaPoluiçãoFernández: O que há no Brasil é uma imagem deturpada e errônea dos benefícios causados por uma usina termoelétricaOs executivos do grupo chileno Chilgener, principal acionista do Grupo Empresarial Termoelétrico do Paraná (Getep), reconhecem que podem abandonar o projeto de construir uma usina termoelétrica a carvão em Paranaguá, no Litoral paranaense. Embora defendam que os impactos ambientais causados pela usina serão mínimos, os diretores da Chilgener afirmam que poderão procurar outros locais para construir a termoelétrica caso existam restrições à atuação da empresa no Paraná. Segundo o diretor da Divisão de Engenharia do grupo chileno, Joaquin Moya, outros três Estados brasileiros solicitaram formalmente a instalação de usina deste tipo.
Se o Paraná nos fechar as portas, continuaremos nosso projeto em outro local, diz Moya, referindo-se ao Estudo de Impacto Ambiental que está sendo desenvolvido pelos técnicos da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar). O estudo, que analisa os efeitos que a construção da usina causaria ao meio ambiente, será decisivo para que o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) conceda ou não ao Getep a permissão para instalar a termoelétrica.
No final de setembro, a Folha divulgou carta endereçada ao banco alemão KfW e assinada pelo presidente da Copel, Ingo Hubert, anunciando que a construção da usina estava descartada. Na carta, o presidente da Copel - empresa detentora de 24,5% das ações da Getep - dizia que o governo do Paraná já havia desistido de erguer a usina. A carta foi enviada pela empresa depois de um pedido de esclarecimento feito banco KfW, que financia projetos de preservação ambiental no Paraná.
A maior preocupação dos ambientalistas é que a fumaça e as cinzas produzidas pela usina contaminem o meio ambiente. O presidente do conselho deliberativo do Getep, Juan Alberto Fernández, diz que a polêmica criada pelos ecologistas paranaenses não corresponde à realidade. O que existe no Brasil é uma imagem deturpada e errônea dos benefícios causados por uma usina termoelétrica, diz. Segundo Fernández, a tecnologia adotada e a utilização de carvão importado fazem com que a emissão de fumaça seja pequena, com um percentual baixo de poluentes.
Pelos projetos da empresa, as cinzas geradas pela queima do carvão serão colocadas em aterros sanitários ou poderão ser utilizadas como adubo em empresas sementeiras. O presidente da Getep afirma que os locais destinados ao depósito de cinzas serão impermeabilizados para evitar riscos de contaminação. A previsão é que a produção anual de cinzas ultrapasse as 130 mil toneladas - uma média de 15 caminhões do resíduo por dia.