Com o pedido de um grupo de quase 240 cientistas, a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu na terça-feira (7) que estão surgindo novas evidências de que o Sars-CoV-2 possa ser transmitido pelo ar. Diante disso, a entidade anunciou que irá analisar a proposta de atualização dos guias clínicos, incluindo essa forma de transmissão.

Imagem ilustrativa da imagem Estudos sobre transmissão da Covid-19  reforçam importância da máscara
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Um estudo internacional publicado recentemente, "Identifying airborne transmission as the dominant route for the spread of COVID-19", sugere que a transmissão aérea é altamente virulenta e representa a via dominante para espalhar o vírus. Pesquisadores analisaram as medidas de mitigação em três epicentros - Wuhan, na China, Itália e Nova York - entre os dias 23 de janeiro e 9 de maio, e encontraram diferença com e sem o uso de máscaras.

De acordo com os pesquisadores, a medida protetiva reduziu significativamente o número de infecções, sendo mais de 78 mil na Itália e mais de 66 mil em Nova York, no período entre abril e maio. Com isso, a conclusão é que o uso de máscaras em público é o meio mais eficaz e de baixo custo para impedir a transmissão de pessoa para pessoa.

“A principal forma de transmissão se dá pelas gotículas, mas se a gente pegar um link com essas novas pesquisas, considerando a transmissão pelo ar, temos um motivo a mais para usar as máscaras”, comenta a infectologista Raquel Stucchi, consultora da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), lembrando que a prática deve ser somada ao distanciamento social, etiqueta respiratória e medidas de higiene.

NO INVERNO

Como estamos no inverno, a especialista reforça ainda mais o uso das máscaras, já que é o período de maior circulação de vírus respiratórios, “inclusive o da gripe, que também é grave, pois obriga algumas pessoas a irem ao hospital, a serem internadas em UTIs e até levar ao óbito. Usar máscara é quase que uma obrigação que todos nós devemos ter durante todo nosso inverno até o início de setembro, na primavera. O prazo exato nós só vamos saber conforme o que estiver acontecendo na Europa porque eles estão vivendo agora a primavera e o verão e assim, vamos ver o quanto o vírus vai circular, se ele vai se adaptar ou não ao clima, pois provavelmente ainda não teremos vacina na nossa primavera”, completa.

A enfermeira Flávia Meneguetti Pieri, que atua na área de Infectologia do HU (Hospital Universitário) de Londrina, ressalta que mesmo pequenas medidas para reduzir transmissões têm grande impacto na atual pandemia e ainda frente a prevenção de disseminação das doenças de transmissão respiratória por gotícula. “Existem doenças de transmissão respiratória por gotículas, ou seja, por via respiratória que se manifestam em maior incidência neste período do ano, isto é, no inverno, em nosso município e Estado, como por exemplo, caxumba, coqueluche, difteria faríngea, pneumonia, meningite, rubéola, entre outros".