Uma plataforma on-line criada por um estudante paranaense de medicina permite que as pessoas tenham acesso ao risco de infecção da Covid-19 das cidades e até bairros, com precisão da rua. A partir do georreferenciamento, é possível identificar, em mapa, relatos suspeitos de coronavírus. O aplicativo “Juntos Contra o Covid” entrou em funcionamento no final de março e já tem mais 250 mil preenchimentos, já que é colaborativo.

Imagem ilustrativa da imagem Estudante paranaense cria plataforma que mapeia relatos da Covid-19

Criador do projeto, Faissal Nemer Hajar conta que a ideia surgiu após um pronunciamento do então ministro da Saúde, Henrique Mandetta, sobre as estratégias e uso da tecnologia para entender melhor a pandemia. “Tenho conhecimento de programação e iniciei um projeto-piloto em Curitiba e foi bem aceito pela população. Não coletamos dados oficiais, mas agregamos dados da população”, explicou o estudante do quarto ano de medicina da UFPR (Universidade Federal do Paraná).

Dois docentes da instituição ajudaram na criação de um formulário clínico simples e que trouxesse informações relevantes a serem respondidas. A pessoa, por exemplo, preenche se está sentido bem ou não, se apresentou sintomas da Covid-19, sexo, idade, comorbidades e CEP. “Além do cunho científico, a pesquisa irá analisar dados de forma anônima. Os formulários mantêm o sigilo”, destacou. “Não estamos rastreando a doença em si. Mapeamos os sintomas, se a pessoa está saudável, teve contato com alguém com a doença, é assintomático”, acrescentou.

CÁLCULO

Os dados coletados passam por um algoritmo validado pelo Ministério da Saúde e pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que calcula o risco de infecção em cada área como baixo, médio ou alto. “A pessoa saudável aparece com ponto azul, pois, não relataram contato com o vírus e nem sintomas. O amarelo é o caso intermediário e o vermelho é o suspeito”, elencou. A atualização do mapa é a cada dez minutos. As informações coletadas podem ser modificadas pelos usuários com a evolução dos casos.

Atualmente, 22 pesquisadores de áreas como medicina clínica, direito, marketing, comunicação e desenvolvimento de software integram a iniciativa. Apesar de ter começado no Paraná, o aplicativo está habilitado para todo o País, com pico de mais de 50 milhões de visualizações. As maiores adesões estão sendo de São Paulo e Rio de Janeiro. Curitiba é a quinta capital brasileira com mais colaborações. Qualquer pessoa pode preencher o formulário, entretanto, o público com maior engajamento é o de 18 a 55 anos.

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| Foto: Foto: Arquivo pessoal

CONTRA A DESINFORMAÇÃO

Para Hajar, a ferramenta se tornou uma forma de combater a desinformação num período de pós-verdade. “Temos dois ganhos. A curto prazo ajuda na conscientização. Quem é mais desatento, quando vê na região várias pessoas sintomáticas, passa a se atentar mais. A longo prazo ajudará a entender como a doença se comportou em várias cidades.”

Projetando continuar aliando ciência e tecnologia quando se formar, o estudante ressaltou que o atual momento de dificuldades e desafios convida todos a colaborarem. “É um incentivo para começar algum projeto, se existe o interesse. É possível fazer a diferença mesmo que acadêmico, fazer algo que pode refletir na vida profissional. A plataforma é um serviço à população”, pontuou. Apesar de não ter fins lucrativos, o projeto está apto a receber assistência financeira para gastos com servidores.

SERVIÇO - O mapa pode ser acessado no site juntoscontraocovid.org/ .