Das 88 escolas municipais de Londrina avaliadas no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do ano passado, cinco conseguiram oito pontos ou mais, numa escala que vai de zero a dez. A maior nota foi alcançada pela escola municipal Melvin Jones, no jardim Hedy, zona oeste. O índice da unidade foi de 8.5, contra 7.7 da avaliação promovida pelo Ministério da Educação em 2017. O resultado foi divulgado nesta semana pelo Ministério da Educação.

Escola municipal Melvin Jones, no jardim Hedy
Escola municipal Melvin Jones, no jardim Hedy | Foto: Roberto Custódio

Segundo a diretora da instituição de ensino, Aida Cristina Campana, a equipe vinha se preparando nos últimos anos para melhorar, entretanto, a primeira colocação no município foi uma surpresa. “Ultrapassamos a meta de 2021, que era de 7.1. É uma conquista para buscar novas estratégias de ensino. A nota da prova não é da criança. É da família, aluno, comunidade e secretaria de Educação, pois, é um trabalho em conjunto”, valorizou.

O Ideb foi criado em 2007 e reúne, em um só indicador, os resultados do fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. A cada dois anos os estudantes do 5º ao 9ª ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio são avaliados pelo Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). Entre as métricas está a Prova Brasil.

Com 188 meninos e meninas, do P4 ao 5º ano, a Melvin Jones tem apostado desde os primeiros anos na alfabetização a partir de um trabalho intenso com leitura, escrita, interpretação de texto e inserção da matemática a partir do cotidiano. No ano final os conteúdos são intensificados.

“No 5º ano a criança já está preparada para a prova e buscamos trabalhar o formato da aplicação da prova, como gabarito, diversidade de texto, leitura de imagens. Vai aprimorando tudo isso”, explicou. Outra estratégia que vem apresentado bons resultados, diz a diretora, é a pré-tarefa. “A professora já fala o que vai ser abordado na próxima aula e passa algum material para lerem antes e já irem se familiarizando com os temas”, destacou.

ANULANDO AS DIFICULDADES

Localizada no bairro Cervejaria, zona leste, a escola municipal Bartolomeu de Gusmão atingiu a marca de 8.1 - 0,8 acima da métrica anterior. Para a responsável pela direção da unidade, Rosangela Valentim, o acompanhamento das dificuldades dos estudantes, com atendimento individualizado e contraturno foram fundamentais para o resultado.

“Dentro da sala de aula, o próprio professor vê aquele que tem mais dificuldade, fica mais com ele, tem o auxiliar de período que ajuda. Se precisa de mais gente a coordenadora também colabora. Caso não dê resultado, a auxiliar vai repassando o conteúdo com a criança fora da sala, para que tenha mais concentração, sinta-se mais à vontade para tirar dúvida. São várias ações para que vá melhorando. É um processo lento, não de um ano para o outro”, explicou.

Escola municipal Bartolomeu de Gusmão, no bairro Cervejaria
Escola municipal Bartolomeu de Gusmão, no bairro Cervejaria | Foto: Roberto Custódio

Assim como outras instituições de ensino do município, são ofertadas aulas de contraturno, no horário inverso ao período que o aluno estuda. “O professor vai trabalhar diretamente naquilo que tem mais dificuldade, para sanar”, afirmou. A escola tem 180 estudantes, entre manhã e tarde, e 22 profissionais efetivos, sendo 20 professores.

FAMÍLIA

Nas duas escolas, um fator comum apontado como essencial no desenvolvimento das crianças é a participação das famílias. “A comunidade é muito boa, a família está presente. São turmas heterogêneas e as famílias dão um apoio grande, trazendo no contraturno, levando para algum atendimento especializado por deficit de atenção. Dão apoio”, elencou Valentim. “As turmas costumam se manter desde o começo do fundamental e as famílias ficam próximas. Elas sabem da importância da disciplina, estudo em casa”, ressaltou Campana.

Com as aulas presenciais suspensas em razão da pandemia de coronavírus, os desafios se intensificaram, assim como a necessidade de participação ainda maior dos familiares. Na Bartolomeu de Gusmão, mediadores estão levando os materiais nas casas dos pais ou responsáveis que não conseguem retirar, para que as crianças não fiquem sem.

Na visão da diretora da escola Municipal Melvin Jones, o processo de se reinventar para continuar ensinando rendeu ideias que vão continuar mesmo após o retorno das aulas. “Descobrimos talentos que não imaginávamos. Professores conheceram tecnologias que antes não faziam parte da rotina. Vimos grandes potenciais de crianças. Não acredito que nossa escola será igual (depois da pandemia) e temos um novo formato de ensino”, analisou Aida Cristina Campana.