Estrada nova está sem manutenção
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sexta-feira, 10 de março de 2000
GUARAPUAVA Estrada nova está sem manutenção Prefeitura alega que não vai receber obra que precisa ser refeita Luiz MaiaSegundo trecho da estrada foi concluído em maio do ano passado Luiz Carlos Dias Júnior De Guarapuava Especial para a Folha A Prefeitura de Guarapuava se recusa a receber uma obra executada pelo governo estadual, alegando supostas irregularidades na pavimentação de uma estrada rural. Após a conclusão da obra, a prefeitura deveria se tornar responsável pela manutenção da estrada que liga a cidade ao Distrito de Guairacá. A obra, com extensão de 40,5 quilômetros, foi construída pela Tucuman Engenharia e Empreendimentos, em duas etapas, na gestão do ex-prefeito César Franco, e foi totalmente concluída em 31 de maio de 1999. Para a pavimentação da estrada piloto do programa Caminhos da Educação e da Produção foram assinados dois convênios entre a Prefeitura e o governo do Estado. O primeiro, em março de 1995, previa a pavimentação do trecho entre a BR-277 e a Vila Matinhos, totalizando 20 quilômetros. O segundo, a continuidade de outros 20,5 quilômetros entre a Vila Matinhos e a sede do distrito. O segundo contrato estabelece que a pavimentação deve beneficiar estradas com uma média diária de tráfego inferior a 100 veículos. Mas a Companhia de Serviços Urbanos de Guarapuava (Surg) aponta que o volume de veículos que passa diariamente pelo trecho é o dobro, sem contar caminhões de carga, principalmente de madeira. O trecho acabou se deteriorando. Laudo técnico realizado pela Surg observa que os problemas apareceram durante a fase de construção da estrada: Os próprios caminhões que estavam trabalhando na estrada danificavam trechos já executados, obrigando a empreiteira a fazer reparos já nesta fase, evidenciando estrutura e/ou execução deficientes. O laudo aponta ainda que pode ter sido utilizado material em desacordo com o que previa o projeto original, havendo indícios de execução inadequada quando da compactação dos materiais, demonstrada pelos recalques, o que deve ter comprometido a já insuficiente estrutura do pavimento. A prefeitura não concorda com o termo de conclusão da obra e se recusa a receber a estrada, alegando que ficaria com o encargo de conservação de um trecho que necessita ser reconstruído. O engenheiro Otto Milton Schenfelder, do DER, responsável pela supervisão do segundo trecho da obra (Vila MatinhosSede), garante a qualidade do trabalho executado. O segundo trecho está em perfeitas condições de uso mesmo após mais de um ano de conclusão, sem que a prefeitura precisasse fazer um único reparo. Fizemos vários reforços, inclusive que não constavam no projeto inicial, disse o engenheiro. Uma obra concluída há mais de quatro anos, que não recebeu nenhum tipo de reparo e sujeita ao tráfego de caminhões pesados vai apresentar problema, afirmou, referindo-se ao primeiro trecho pavimentado. Schenfelder não quis comentar o laudo da Surg sobre a utilização de materiais em desacordo com o que previa o projeto original. Ele também não opinou sobre a acusação de que o tráfego era maior do que o previsto. A Folha tentou ouvir a Tucuman Engenharia e Empreendimentos, mas ninguém atendeu ao telefone do escritório da empresa em Guarapuava nos últimos três dias. O coordenador dos Núcleos Regionais do governo do Estado na região de Guarapuava, Félix Kaminski Rodrigues, disse que o prefeito Vitor Hugo Burko não contestou a obra dentro do prazo legal. É difícil considerar o laudo, já que na entrega a obra está de uma maneira, e hoje, passado algum tempo, a situação da estrada, que custou R$ 696 mil ao Estado já é outra, disse. Segundo Félix Rodrigues, há uma cláusula técnica que diz que o prefeito deve assinar ou contestar no ato de conclusão da obra. Em 17 de junho de 1999, quando a obra foi finalizada, Burko não se pronunciou. O prazo legal para contestar era de 180 dias. Se ele não se denunciou nada antes, quer dizer que aceitou a obra, alega Rodrigues. O que está acontecendo, é que o prefeito não quer assumir uma obra do seu antecessor, realizada com asfalto de baixo custo para facilitar o escoamento da safra agrícola e também do transporte escolar. Acredito que a prefeitura não está olhando o lado da população que foi beneficiada, afirma Rodrigues.

