A via foi aumentando, acompanhando o crescimento da cidade; tem pontos com fluxo mais tranquilos e outros críticos
A via foi aumentando, acompanhando o crescimento da cidade; tem pontos com fluxo mais tranquilos e outros críticos | Foto: Lais Taine - Grupo Folha

Cambé - No miolo é punk, nas extremidades, seresta. A avenida Esperança, em Cambé (Região Metropolitana de Londrina), tem seis quilômetros, 11 bairros e um ribeirão responsável pelo substantivo que traz força ao nome. Esperança passa por sítio, chácaras, casas, prédios, comércios, indústrias. Tem trechos em paralelepípedo e asfalto e corta rodovia. A avenida é uma das mais longas, se recria em cada trecho e, como há de ser qualquer via arterial, é essencial para a vida da cidade.

Começa no Fórum Estadual, depois vem a delegacia e então a loja da família de Cleber Augusto Paduam, 44. “Quando a gente veio, aqui na frente era plantação de café. Quando foi comprar, estavam construindo a delegacia ainda, falaram que meu pai era louco de vir para cá”, recorda. Hoje, a plantação dá espaço a um condomínio residencial e aos bairros que se formaram em volta.

Quando a família foi para o local, em meados da década de 1980, não havia vizinhança. Agora, com casas, apartamentos, comércios e prédios públicos ao redor, comenta-se a dificuldade de encontrar vagas de estacionamento. A via se esforça sozinha para conectar zona Sul e Leste da cidade. “Ficou melhor, abriu o bairro, mas naquele semáforo ali próximo da rodovia, chega perto das 18 horas, é muito veículo”, menciona.

O secretário municipal de Planejamento, Mário Vander, conta que a via foi aumentando, acompanhando o crescimento da cidade e que, por ser extensa e estar localizada em área de expansão urbana, se torna bastante diversa, com pontos de fluxo mais tranquilos e outros críticos, como o mencionado por Paduam.

“Há uma necessidade de duplicação dela naquele trecho de aproximadamente 600 metros e o mais importante, uma transposição de nível da BR-369. Enquanto for semáforo, sempre vamos ter um ponto crítico de congestionamento e acidente”, afirma.

Paralelepípedos, colocados em 1990, ainda resistem em alguns pontos da Esperança
Paralelepípedos, colocados em 1990, ainda resistem em alguns pontos da Esperança | Foto: Lais Taine - Grupo Folha

Diversidade também no piso. Os paralelepípedos ainda resistem em alguns pontos para contar a história. “Os paralelepípedos foram colocados por volta de 1990, porque a avenida ainda tinha uma utilização predominantemente rural. Ela vai se consolidando, conforme os empreendimentos vão acontecendo ao longo dela, por isso ainda tem trecho com paralelepípedo, outros com asfalto em duas pistas e outros com uma pista só”, aponta.

Vander conta que, apesar de estar mais presente na história recente da cidade, a avenida tem seu início na década de 1930 como Estrada da Esperança, instituída pela CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná), no período da colonização. “O nome foi em função do ribeirão próximo dela”, explica.

Na época, a colônia ainda tinha o nome de Nova Dantzig, nome de uma loja de materiais de construção localizada na avenida. “Quando a gente chegou era terra, depois passou o paralelepípedo e então o asfalto. Quando a gente era menino, andava por ela a pé para ir para a escola. Era um grupo de uns 15 meninos, quando chovia, a gente colocava sacolinha no pé”, recorda o proprietário José Ricardo Andrade, 42.

Apesar de viver desde a infância no local, conta que o cenário só foi mudar a partir dos anos 2000, quando começaram os loteamentos e infraestrutura na região. “A avenida é importante, ela é longa, vai até Londrina”, explica. Apesar do avanço, guarda boas recordações de quando ainda era uma estrada rural. “O pessoal passava pastoreando o gado, tinha a venda do Baiano, que era famosa aqui, muito menino junto brincando na rua.”

Há trechos que essa tranquilidade ainda é visível. Se afastando dos comércios e do encontro com a rodovia, a avenida vai ficando mais serena e silenciosa. Passa por chácaras, residências e barracões até se encontrar com Londrina. "Aqui é o começou ou o fim?”, fez a pergunta. “Para mim é o fim”, responde rindo Carlos Eduardo Guilhen, 36.

A avenida tem seis quilômetros e passa por 11 bairros
A avenida tem seis quilômetros e passa por 11 bairros | Foto: Lais Taine - Grupo Folha

O último imóvel da avenida é de uma empresa e fica na divisa com Londrina, quando o asfalto beija um trecho de paralelepípedo abandonado. “Seria melhor se tivesse asfalto, dizem que existe projeto, mas esse trecho tem uma disputa, parte é de Londrina, parte é de Cambé e fica essa questão”, explica o empresário.

Guilhen conta que tem aumentado o movimento no local e que as pessoas estão usando a via como desvio do trânsito até a zona Sul de Londrina. “A ponta de cá é mais prejudicada, os bairros vizinhos têm bastante marginalidade, violência, temos visto assaltos, roubo de cabos elétricos, é um finalzinho abandonado aqui”, afirma.

Então, acaba a Esperança. A avenida. Os planos continuam. “A gente espera que ela se torne realmente uma via arterial nos próximos anos com a consolidação de investimentos. É uma área de bastante interesse imobiliário, a maioria dos lotes é de propriedade de investidores e conforme o país for se desenvolvendo, os empreendimentos vão acontecer e em um curto espaço de tempo vamos ter mais loteamentos ao longo dela”, espera o secretário de Planejamento.