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. | Foto: Walkiria Vieira - Grupo Folha

Se dependesse somente da iniciativa das escolas particulares, as aulas presenciais já teriam sido retomadas. Com o objetivo de chamar a atenção de toda a sociedade, diretores, pais e professores se reuniram neste sábado (26) para manifestar esse desejo.

Por meio de faixas, os presentes ao ato declararam que as atividades escolares são essenciais e a as bexigas pretas e as vestimentas escolhidas, foram as pretas. De luto, é assim que se sentem por estarem com as portas das escolas fechadas desde março, quando, por meio de decreto, todas as escolas, particulares e públicas, foram obrigadas a suspender as atividades presenciais em razão da pandemia causada pelo Covid-19.

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. | Foto: Walkiria Vieira - Grupo Folha

A administradora Ana Claudia Leão participou da ação. Ela é responsável pela franquia da escola de idiomas Wizard, localizada na área central de Londrina e considera possível o retorno seguro porque sua escola desenvolveu um protocolo de contingência há dois meses. "Todas as salas estão equipadas com álcool em gel, que é o produto usado em hospitais, a escola está sinalizada com cartazes e nos programamos para ter no máximo seis alunos em sala, horários de entrada de saída diferenciados e investimos em EPIs e treinamento para uma retomada segura", enfatiza. Bastante abalada pela paralisação das atividades presenciais, Leão expõe o quanto está impactada. "Nosso faturamento foi diretamente atingido com 244 cancelamentos. Fui obrigada a dispensar 12 colaboradores entre professores e demais funções. Já as obrigações com água, luz, aluguel e manutenção permanecem e nem com a locação consegui uma redução", lamenta. "Perdemos 188 turmas e os alunos que optaram pela rescisão do contrato afirmam que só retornam pelo sistema presencial", acrescenta.

A fisioterapeuta Aline Mati participou do ato. Ela é a favor da retomada e considera que seus filhos, de 3 e 7 anos de idade estão preparados para o novo normal. "Eu atuo na reabilitação perineal de urologia, trabalho dentro de hospital e sempre fui zelosa na higienização e passei isso a minha família. Desde antes da pandemia, meus filhos carregam álcool gel do lado de fora da bag e considero importante enfatizarmos que as pessoas devem saber lavar as mãos corretamente", diz. "A escola dos meus filhos já oferece o dobro do exigido para o distanciamento em sala de aula e acredito que não devemos afrouxar os cuidados, mas respeito a opinião de pais que não se sentem seguros pelo retorno", comenta.

Do ponto de vista da diretora de uma das escola que encabeçou o protesto, Márcia Kobayashi, mais de 70% dos pais se inclinam pela volta das atividades escolares. "Defendemos o retorno facultativo, gradual e seguro. Foi significativa a adesão à manifestação com a participação de 30 escolas particulares e sabemos que trata-se de uma questão delicada", reflete. Kobayashi informou também que mesmo com o retorno presencial, a unidade escolar seguirá com a oferta de aulas online em respeito aos que assim preferirem seguir. "Até a Organização Mundial de Saúde é a favor da volta às aulas e sabemos que em razão do cancelamento de matrículas, só em Londrina, 15 escolas já fecharam e mais de 1200 professores foram dispensados, sem contar o prejuízo de fornecedores como os de transporte, administradores, empresas de uniformes e cantina", observa. "Estamos lutando pela saúde emocional dos alunos. Muitos estão sofrendo de síndrome do pânico, compulsão alimentar, apatia e exaustão, pois o sistema remoto é desgastante para os alunos e também para os professores", emenda.

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. | Foto: Walkiria Vieira - Grupo Folha

O professor universitário Sandro Teixeira Pinto também se solidariza com os segmentos afetados pelo não funcionamento das escolas. O efeito em cadeia também atingiu as empresas que prestam serviços de cópias e a seu ver, embora os recursos disponíveis para as aulas remotas tenham qualidade, a interação de professor e aluno presencialmente é incomparável. "Eu leciono disciplinas para o curso de Engenharia da Computação e embora seja uma área bem ligada à tecnologia, os alunos sentem muita falta da sala de aula e reclamam bastante. Nas faculdades onde trabalho, seria perfeitamente possível e seguro o retorno e penso que para aqueles que optarem por seguir o estudo em casa, as aulas gravadas seriam uma alternativa para atender a todos", pensa.