O Núcleo Setorial de Escolas Infantis de Maringá (Noroeste) formulou uma proposta de retomada gradual das atividades da educação infantil na rede privada. O documento foi elaborado com a participação de 15 unidades e foi encaminhado ao prefeito Ulisses Maia no dia 4 de setembro. Nele, os representantes das escolas apresentam um plano de retorno não obrigatório para crianças entre 3 e 5 anos de idade, incluindo atendimento individual no início.

O Núcleo Setorial integra o programa Empreender da Acim (Associação Comercial e Empresarial de Maringá) e é coordenado por Gisele Batalini. Ela explica que o protocolo foi construído após uma reunião com a equipe da secretaria municipal de Saúde, considerando os pontos tidos como os mais desafiadores para uma retomada. De acordo com Batalini, a maior preocupação para a educação infantil é na questão de compartilhamento de lanches, brinquedos e fraldas.

PRIMEIRA ETAPA

“Montamos uma proposta eliminando inicialmente todos esses pontos. Por exemplo, nos primeiros 14 dias, a ideia é oferecer um atendimento individualizado, de apenas duas horas e voltado mais para apoio aos pais que têm essa necessidade. Não haveria lanche e os horários seriam agendados. Após esse período, faríamos uma nova avaliação junto aos órgãos da prefeitura sobre a continuidade ou não”, explica.

SEGUNDA ETAPA

A segunda etapa da proposta atenderia, nas mesmas condições, grupos de até cinco alunos e, na sequência, crianças de um a dois anos passariam a receber atendimento individual. Ao todo, a proposta envolve cinco etapas e compreende apenas as escolas privadas.

“Não estamos falando neste momento de um retorno de aula para todos, de forma obrigatória, mas da liberdade de as escolas prestarem esse apoio para as famílias que estão precisando. Temos escolas onde 80% dos alunos cancelaram matrículas e também fizemos uma pesquisa com aproximadamente 400 famílias e 80% dos pais responderam necessitar de um apoio emocional neste momento”, afirma.

De acordo com ela, as famílias têm enfrentado dificuldades para manter uma rotina de atividades pedagógicas e de atenção apropriada à criança, o que tem gerado estresse e ansiedade no ambiente familiar.

Batalini cita ainda que os estabelecimentos comerciais em geral voltaram a funcionar na cidade e que eventos sociais com até 100 participantes serão liberados a partir do dia 28 de setembro. “São decisões das famílias de frequentarem esses ambientes ou não e as escolas devem ter a liberdade de oferecer seus serviços, pois essa decisão também cabe aos pais”, enfatiza.

A Prefeitura de Maringá informou por meio da diretoria de Comunicação, que analisa de forma técnica toda situação que é demandada, incluindo o setor de educação, sempre atenta ao comportamento do vírus e aos protocolos de prevenção.

SINFANTIL

A presidente do Sinfantil/NOPR (Sindicato das Escolas Particulares de Educação Infantil do Noroeste), Michelle Coradim Nicchio, comenta que a entidade compartilha do mesmo desejo do Núcleo Setorial das Escolas Infantis.

Ela ressalta que a realidade de sala de aula da rede privada é diferente da rede pública. “Enquanto a rede pública tem de 25 a 30 alunos por sala, nós não passamos de 15 alunos e estamos falando em um retorno com 10% das crianças. Sabemos que o risco existe, assim como no shopping, nos eventos que estão sendo liberados, mas estamos nos programando para esse retorno”, diz. Segundo Nichhio, muitas escolas tiveram quase que 90% de cancelamento de matrículas.

PÓS-GRADUAÇÃO

No dia 8 de setembro, as instituições de ensino superior de Maringá foram autorizadas pela prefeitura a retomarem as atividades de pós-graduação, desde que respeitados os protocolos de prevenção da Covid-19. As medidas incluem escalas com turnos diferenciados e restrição no uso de áreas comuns, além da elaboração de um plano de contingência para cada instituição. A decisão foi embasada, segundo o documento oficial, pela matriz de risco apresentada nos boletins epidemiológicos, que passou de moderado para risco baixo nas últimas semanas.

O boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Maringá, atualizado na terça-feira (15), apontou 62 novos casos de coronavírus, somando 7.108 confirmações da doença desde o início da pandemia. Dos infectados, 6.515 se recuperaram, mas 126 pessoas já perderam a vida nesses seis meses. Ainda de acordo com o levantamento, 402 pessoas estão com o vírus ativo na cidade, sendo que 65 estão internadas.