Um cartaz colocado na entrada da biblioteca da escola municipal Joaquim Vicente de Castro, no conjunto Cafezal, zona sul de Londrina, já avisa: “a diferença nos enrique e o respeito engrandece”. O material faz parte de uma série de atividades produzidas ao longo de todo o ano na instituição com a temática da diversidade e valorização da cultura afro-brasileira, que está sendo exposto nesta semana na Mostra Consciência Negra.

Maria Luiza Camargo e Bianca Soares: "Entendemos melhor sobre a importância dos negros para nossa história”
Maria Luiza Camargo e Bianca Soares: "Entendemos melhor sobre a importância dos negros para nossa história” | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Todas as 35 turmas da escola, com aproximadamente 730 alunos do P5 ao 5º ano, estão integradas no projeto, que neste ano chegou à nona edição. Cada sala produziu um trabalho, que está aberto para visitação da comunidade até esta sexta-feira (22). Entre as criações artesanais estão telas com pinturas, bonecos, dobraduras, artes em geral, desenhos, releituras. Os exercícios remetem a livros, lendas e características da cultura afro e personalidade negras.

Segundo a gestora auxiliar da unidade, Claudia Ruzzante, o fato de as ações serem promovidas ao longo dos meses é benéfica e se soma à proposta da grade pedagógica do município, que cita a questão da diversidade, em todas suas formas. “Se trabalhamos apenas na data da Consciência Negra fazemos um recorte. Já durante o ano trazemos para a realidade deles, construímos a identidade, mostramos o respeito às diferenças no dia a dia”, elencou.

Imagem ilustrativa da imagem Escola municipal do Cafezal realiza Mostra da Consciência Negra
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

PERCUSSÃO E TURBANTE

Ao longo do ano letivo os estudantes ainda contaram com oficinas, como percussão e turbante, que também se transformaram em atividades. No pátio, completa a mostra vasos de plantas com referências a mulheres negras, indígenas e orientais, contendo plantas nativas de cada etnia. Assim como outros elementos da proposta, tudo foi feito com material reciclável. “Sempre com viés da sustentabilidade, reciclagem”, frisa. Posteriormente, os trabalhos vão para o portfólios das crianças.

O projeto tem trazido benefícios para a rotina da escola, que não conta com nenhum caso de bullying registrado na diretoria. “É pelo conjunto do que é realizado, pois, os professores recebem formação, estão capacitados. Tentamos trabalhar estes conteúdos mais a fundo”, explicou. “É algo contínuo, porque o que assistem na TV e até encontram em livros traz o negro em funções inferiores.”

CONHECIMENTO

Responsáveis pela confecção dos materiais sobre turbantes africanos, Maria Luiza Camargo, 9, e Bianca Soares, 10, conseguiram adquirir mais conhecimento sobre o objeto. “Para algumas pessoas são apenas para beleza, porém, para a africana é tradição, significa que são guerreiras. Gostamos de saber isso de forma mais profunda. Entendemos melhor sobre a importância dos negros para nossa história”, relatam.

Mariah Correa e Mellany Sanhes: recortes montados em um quadro
Mariah Correa e Mellany Sanhes: recortes montados em um quadro | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Orgulhosas pelo que desenvolveram e pelas atividades dos colegas, Mellany Victoria Yamashita Sanhes, 10, e Mariah da Silva Correa, 10, contaram que a proposta foi desafiadora. “A professora nos deu recortes de africanas e reproduzimos com tinta no quadro e bem colorido, porque a cultura negra é assim, com muita cor e estampas. Adoramos fazer”, resumiram.