Imagem ilustrativa da imagem Escola municipal de Londrina instala pisos táteis nos corredores
| Foto: Marcos Zanutto - Grupo Folha

Os pisos táteis já integram as calçadas de boa parte das quadras de Londrina, e aos poucos elas começam a ganhar os espaços internos dos imóveis. A Escola Municipal Senador Gaspar Velloso, localizada no conjunto Sebastião de Melo César (zona norte de Londrina), instalou pisos táteis em todos os corredores da unidade. Segundo a gestora da escola, Sheila Brandão Fávero, a melhoria só foi possível porque a instituição recebeu recursos do programa Escola Acessível, que integra o PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola ). A verba federal auxilia nas despesas das unidades escolares da rede pública, em caráter suplementar, na adequação arquitetônica: rampas, sanitários, vias de acesso, instalação de corrimão e de sinalização visual, tátil e sonora.

A destinação da verba foi decidida em conjunto com a associação de pais e mestres. "Como já temos as rampas, a APM achou melhor investir no piso tátil”, destaca Fávero. Para acessar esses recursos as escolas devem efetivar cadastro no Simec (Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação) , onde inserem o plano de utilização dos recursos para a manutenção e melhoria da infraestrutura física e pedagógica da escola.

A escola recebeu R$ 10 mil, dos quais R$ 7.990, 00 foram investidos nesse piso. “Adquirimos cerca de 60 metros de piso para fazer a sinalização”, aponta Fávero. Ela explica que o restante do dinheiro será usado na aquisição de computador para PCD (Pessoa com deficiência); mesa própria; tela sensível ao toque; e teclado colmeia, que facilita a digitação por pessoas com mobilidades reduzidas.

A escola investiu na implantação dessa sinalização pensando na possibilidade de ter um aluno nessa condição. “Já tivemos uma aluna com baixa visão no passado, mas não tínhamos esse piso tátil. Na época também não tínhamos máquina fotocopiadora e todos os livros precisaram ser ampliados fora da escola”, destaca.

A professora de Educação Física Andréa Ramos Almeida trabalha na escola de manhã com alunos do ensino regular e no período vespertino atua como apoio de um aluno autista. “Eu posso trabalhar as questões de sentido e lateralidade, e também controle de corpo e equilíbrio utilizando esses pisos táteis com os alunos do P5. Posso também colocar os pequenos para andar e trabalhar onde é o lado esquerdo e o direito e temos alunos com Down ou autistas, com os quais podemos trabalhar esses conceitos com eles”, destaca.

CIDADANIA

A gestora da escola enaltece que mesmo os alunos que não possuem deficiência podem aprender algo com a implantação do equipamento. Ela ressalta que o piso tátil serve para educar e integrar os alunos com e seu deficiência. “Alunos do P5 tiveram aqui aula prática de direção, andaram em cima da faixa para trabalhar o equilíbrio e a noção de obstáculo. Serve também para educar para cidadania, para que outros alunos lidem com alunos deficientes visuais e de baixa visão”, declara.

Sheila Brandão Fávero, gestora da escola
Sheila Brandão Fávero, gestora da escola | Foto: Marcos Zanutto - Grupo Folha

IMPRESCINDÍVEL

A secretária municipal de Educação, Maria Theresa Paschoal ressalta que a acessibilidade é imprescindível para tornar a escola para todos. “Isso é fundamental para que todos consigam ir à escola, ao banheiro, e a outros locais sem depender do auxílio”, aponta. Ela admite que nenhum prédio público tem acessibilidade total em Londrina, porque eles são antigos. “Alguns são da década de 1940 e outros são de madeira”, observa.

Ela explica que às vezes basta um procedimento simples para adequar um prédio, como colocar um corrimão, mas em outras situações é preciso construir uma rampa com a inclinação adequada. A secretária afirma que não possui os dados em mãos sobre quais escolas dispõem de equipamentos de acessibilidade e que precisaria realizar um levantamento para isso.

CONJUNTO DE ORIENTAÇÃO

Os pisos táteis são parte de um conjunto de orientação que permite às pessoas de baixa visão ou com deficiência visual se movimentarem de maneira segura e informada. Eles possuem cor contrastante em relação ao piso original para poderem ser melhores identificados pelas pessoas com baixa visão e relevo para que possam ser sentidos pelas pessoas sem visão. As bolinhas podem indicar mudança de direção ou de plano (para algo inclinado ou o degrau de uma escada) ou simplesmente a necessidade de atenção (como antes de atravessar a rua ou indicando a presença de um obstáculo, um orelhão ou um extintor de incêndio por exemplo).

O diretor pedagógico do Instituto Roberto Miranda, de Londrina, Márcio Rafael da Silva , ressaltou que o piso tátil auxilia os cegos a se locomoverem em ambientes desconhecidos. “Depois que acontece a familiarização fica mais fácil. Mas é um equipamento importante em uma escola, para que o aluno tenha autonomia para ir ao banheiro, à diretoria, à cantina ou à própria sala sem solicitar ajuda”, explica.

Ele ressalta que a acessibilidade não é só implantar rampas e piso tátil e aponta que a orientação pode ser realizada por elementos visuais, auditivos, táteis, entre outros “Outra sinalização importante que deveria ser implantada é a identificação dos locais das escolas em braile, como salas de aula, biblioteca e cantina"

“Mesmo se a escola não possuir alunos com deficiência visual é importantíssimo que essa estrutura para acolhê-los seja implantada. Pode não ter alunos nessa condição hoje, mas pode ter amanhã e deixar para implantar quando o aluno já está frequentando a escola fica muito em cima da hora”, destaca o diretor do instituto que atende deficientes visuais com o objetivo de integrá-los à comunidade.

A presidente do Conselho Municipal de Educação de Londrina, Vera Lúcia Pereira da Silva Moura, afirma que a implantação de equipamentos que possibilitem a acessibilidade de pessoas com deficiência é de suma importância. “Só por meio delas temos a inclusão. Isso só ocorre de fato quando todo o prédio prioriza o acesso de todas as crianças, independentemente se tem dificuldade de mobilidade ou visual. As escolas do município precisam se organizar para isso. Sabemos que os prédios são antigos, alguns são até de madeira”, aponta.

Imagem ilustrativa da imagem Escola municipal de Londrina instala pisos táteis nos corredores
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