Erro gera dívida milionária em Astorga
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segunda-feira, 12 de março de 2001
Marta Medeiros De Maringá
Um erro da administração passada incluiu todos os proprietários de imóveis de Astorga (40 km ao norte de Maringá) na dívida ativa do município. A dívida dos moradores da cidade ultrapassa R$ 2 milhões de IPTU dos últimos quatro anos. O fato está causando polêmica na cidade e muito debate na procuradoria jurídica da prefeitura. Os moradores afirmam que não vão pagar o imposto. O prefeito Carlos Keide (PPB) é obrigado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) a cobrar os atrasados e espera uma resposta do Tribunal de Contas para tentar conceder a anistia de juros e multas.
Os donos de imóveis de Astorga eram acostumados a não pagar IPTU desde a primeira administração de Keide (1993 a 1996), quando o prefeito concedeu isenção no pagamento do imposto. Quando o ex-prefeito João Zampieri (PFL) assumiu a prefeitura continuou a isenção, mas não foi enviado para a Câmara o projeto de lei obrigatório. Ele não cobrou o imposto, mas também não isentou legalmente, explica o procurador jurídico da Prefeitura de Astorga, Jonathas Cesar dos Santos.
No final de dezembro, pressionado pela LRF que não permite renúncia de receita sem compensação, o ex-prefeito Zampieri, conforme a procuradoria, fez o lançamento do imposto cobrando o IPTU dos últimos quatro anos, de uma só vez, dos cerca de oito mil proprietários de imóveis do município. Isso ocorreu nos últimos dias de gestão quando o ex-prefeito fez, direto no computador da prefeitura, o lançamento do imposto e no mesmo instante incluiu todo mundo na dívida ativa, explica Santos.
O fato pegou a população de surpresa. Nos últimos anos os moradores pagavam apenas as taxas de limpeza e iluminação pública. Em oito anos paguei R$ 480,00 de taxas e agora devo para a prefeitura cerca de R$ 1,3 mil, diz o barbeiro Geraldo Gasparoto. Ele se nega a pagar o imposto, a exemplo dos demais moradores da cidade questionados sobre a obrigação.
A costureira Maria Aparecida Garutti Fracaro, responsável pela administração de duas casas e um terreno de um proprietário que está no Japão, diz que a situação complicou. Fiquei com 220,00 para pagar as taxas, mas esse dinheiro não vai ser nada para o IPTU em atraso, conta a costureira. Ela afirma que ainda nem teve vontade de ir na prefeitura saber o montante da dívida. Ninguém pediu para os políticos subirem em palanque e isentar o IPTU, critica Maria Aparecida.
Conforme o procurador, a prefeitura tenta no TC uma forma legal para anistiar juros e multas, além de promover o parcelamento da dívida em até 30 meses. Não vamos deixar de cobrar e no final do ano vamos fazer a execução fiscal dos devedores, avisa o procurador.
O ex-prefeito Zampieri negou as acusações e disse que lançou anualmente o IPTU, mas que nunca cobrou o imposto da população. Foi o próprio atual prefeito quem acostumou os moradores da cidade a não pagar imposto, diz Zampieri. Ele afirmou também que por causa deste costume enfrentou uma inadimplência de 73% durante a gestão. Até a taxa de limpeza sempre foi difícil receber das pessoas, contou o ex-prefeito.
