Constrangimento e indignação marcaram o enterro de um veterinário de 48 anos, ontem, em Londrina, no Cemitério Parque das Oliveiras, administrado pela Sociedade Evangélica. A família, que pediu para não ter o nome divulgado, foi surpreendida na hora do enterro porque na sepultura, comprada desde 1988, já haviam sido enterrados outros dois corpos.

De acordo com familiares, o enterro estava marcado para às 8 horas de ontem depois do velório que aconteceu na capela do cemitério. O veterinário morreu na madrugada de domingo, vítima de um ataque cardíaco. ''A sepultura nem estava aberta quando o enterro saiu. Poderíamos ter sido avisados e poupados desse constrangimento'', disse uma prima do veterinário.

Depois que foi verificado que a sepultura da família estava ocupada, funcionários sugeriram fazer o enterro em outro local. Abriram outra cova e o fato se repetiu, na outra sepultura também já havia outro corpo enterrado.

Diante da situação, a esposa do veterinário teve que buscar a escritura que provava a compra da sepultura número 11 pela família. ''Ela bateu o pé e disse: ''quero minha sepultura'', até para realizar um desejo do marido, que era ser enterrado próximo aos pais'', disse a prima. E novamente, a família teve outra surpresa pelo registro do cemitério, a sepultura da família seria a de número 10. ''O registro estava rasurado grosseiramente'', afirmaram amigos e familiares que viram o documento.

O enterro do veterinário só aconteceu próximo das 12 horas, depois que uma terceira cova foi aberta. Familiares e amigos estavam inconformados. ''A gente sempre acompanhou o trabalho dele e ele não merecia ser exposto a esse constrangimento'', disse um amigo. Os filhos do veterinário devem entrar com uma ação contra a administração do cemitério por danos morais.

Pessoas que acompanharam o enterro levantaram ainda outra preocupação com o cemitério: ''depois disso, como ter certeza de que os corpos que estão enterrados aqui são mesmo das pessoas que as lápides indicam?'', questionaram.

A superintendente da Autarquia de Serviços Especiais (Acesf), Claúdia Prochet, informou que por ser um cemitério particular, a responsabilidade pelo ocorrido é da administradora. ''Nestes casos, a Acesf só realiza o serviço funerário, que é levar o corpo até o local do velório e fechar o caixão'', disse.

Alvino Moreira da Silva, assessor financeiro do Hospital Evangélico, e Erasmo Garcia Duarte, administrador do cemitério, afirmaram que o jazigo da família não foi localizado. ''Na verdade, o jazigo que a esposa disse ser dela não foi localizado. Era um jazigo muito antigo e que nunca havia sido utilizado, e as primeiras marcações, antes mesmo do hospital comprar o cemitério, eram deficitárias, dificultando a localização imediata'', disse Silva.

De acordo com Duarte, um levantamento dos jazigos do cemitério deve ser feito a partir dessa semana para evitar que outra situação semelhante aconteça. ''Ficamos muito chateados, isso nunca havia acontecido.''