Mães de crianças especiais reclamam da má qualidade de fraldas distribuídas pelo município de Londrina. Débora Clemente, mãe do cadeirante Anthoni, de oito anos, ressaltou que o vazamento da urina pela fralda começa logo no ato da micção. “Por ela ser ruim, a gente acaba usando bem mais fraldas, pois temos que trocar mais vezes para não deixar a criança molhada, já que existe o risco dela ficar gripada”, apontou. “Além disso, a fralda que estão mandando é de um tamanho menor do que ele necessita.” O plástico fino também gera incômodo, já que rasga mais facilmente. “Durante o dia eu uso essa que o município me fornece e, à noite, eu preciso comprar uma fralda melhor para ele conseguir dormir", afirmou.

Imagem ilustrativa da imagem Entidade reclama de qualidade das fraldas ofertadas pela Prefeitura de Londrina
| Foto: iStock

As mulheres entraram em contato com a Afel (Associação das Famílias Especiais de Londrina), que denuncia a queda da qualidade das fraldas. A presidente da Afel, Ana Flávia Alves, relatou que as fraldas entregues até 2019 eram de boa qualidade, porque os editais até então seguiam critérios de compra elaborados com base em especificações da Afel. Essas compras duraram até 2020 e desde o fim daquele estoque houve piora da qualidade. “A vedação do elástico na lateral está pior e o gel de absorção da urina é de qualidade ruim", detalhou Alves, ressaltando que as fraldas acabam sendo ineficientes para as crianças maiores.

Ela observou que todas as vezes em que eles foram reclamar à secretaria de Saúde os servidores foram solícitos. “Eles nos ouvem e falam que vão mudar, só que eles nunca mudam. A impressão que eu tenho é que eles levam a gente em ‘banho-maria’.”

A Afel solicitou ajuda ao OGPL (Observatório de Gestão Pública de Londrina), que questionou o edital de licitação para aquisição de fraldas infantis e geriátricas, no valor de R$ 547 mil. O objetivo é saber o motivo das mudanças no detalhamento que norteia a compra dos produtos. Na análise do OGPL, quatro aspectos devem ser exigidos dos fornecedores: duração de até quatro horas sem troca, elástico lateral flexível, fitas reposicionáveis e ser adequada para crianças de 15 a 24 quilos.

A advogada Jacira Tonello, do OGPL, ressaltou que fez essa análise dos editais, comparando com o realizado em 2019. “Nós tentamos uma agenda com o secretário de Saúde e não sabemos o motivo pelo qual não fomos recebidas, possivelmente por falta de horário na agenda.” O OGPL oficiou a prefeitura no início deste mês. "Ainda não tivemos resposta desse questionamento, porque também ainda não não venceu o prazo, já que a Lei de Acesso à Informação prevê 20 dias. Um certame já ocorreu, mas os lotes referentes a este objetivo foram desertos. Nós cremos que no início do ano que vem haverá outro e queremos participar do debate dessa outra licitação com esse objeto.”, declarou.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da prefeitura, mas não houve resposta.

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