Imagem ilustrativa da imagem Empresas cortam cobradores no transporte coletivo em Londrina
| Foto: Marcos Zanutto



As empresas que exploram o serviço de transporte coletivo urbano de Londrina decidiram eliminar a presença de cobradores em todos os ônibus urbanos. A ausência de cobradores foi definida em ACT (acordo coletivo de trabalho), aprovado em assembleia pela categoria, e já está valendo. Apesar de não atuarem mais nos carros, os funcionários não poderão ser demitidos por um prazo de três anos. Mais de 480 trabalhadores atuam nesta função.

A medida é polêmica porque a cobrança em dinheiro será feita pelos motoristas, o que aumentaria riscos de acidentes. O objetivo da TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) é adotar a cobrança apenas por cartões, o que, segundo a empresa, agilizaria o embarque - além de reduzir riscos de assaltos a coletivos, que também são frequentes.

A ausência de cobradores já ocorria após as 19h, de segunda a sábado, e também aos domingos e feriados, segundo manifestação da TCGL. "E nunca registrou nenhum problema", ressalta a nota encaminhada pela assessoria de imprensa. Para começar a retirada dos cobradores, a empresa optou por linhas que, de acordo com a nota, têm "baixíssima demanda em alguns horários".

A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) afirma que a circulação de ônibus sem cobradores é prevista no contrato de prestação de serviços e na legislação municipal, mas desde que aprovada em ACT. "O papel da CMTU é garantir que o serviço seja prestado de maneira satisfatória", afirmou, em nota, a companhia fiscalizadora. A CMTU também sugere uma campanha para aumentar o uso do cartão de transporte para reduzir riscos e agilizar os serviços.

Novas funções

O presidente do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Londrina), João Batista da Silva, disse que a ausência dos cobradores aprovada pelos trabalhadores durante a discussão do ACT, mas com a condição de estabilidade empregatícia. "Neste período, eles terão de ser absorvidos para outras funções dentro da empresa. Se não houver outra coisa para fazer, os cobradores vão receber os salários sem fazer nada", afirma. Batista diz que o objetivo é eliminar a cobrança em dinheiro, o que depende de ato normativo do Poder Executivo, mas que, enquanto não houver decreto impedindo o pagamento em espécie, os motoristas vão receber uma gratificação de 10% sobre o rendimento da linha em que estiver trabalhando.

O presidente do sindicato ainda afirma que pelo menos 60% dos passageiros utilizam vale-transporte ou já adquirem créditos para os cartões previamente. "Quando os motoristas vinham reclamar para mim que estavam exercendo as duas funções (dirigir e cobrar), eu perguntava quantos usavam dinheiro e eles diziam que eram três ou quatro. Aí, dificultava até para questionar a empresa", afirma. Ele ainda diz que, com o fim da função, os cobradores poderão ser reaproveitados em novos pontos de recarga.

Em média, 130 mil pessoas utilizavam o transporte coletivo em Londrina todos os dias, mas Batista afirma que esse número está caindo, devido às modalidades de transporte privados por aplicativo, como o Uber.