A Prefeitura de Londrina abriu procedimentos administrativos contra a N. da Cruz Alves, de Jandaia do Sul (Vale do Ivaí), por atrasos significativos em obras que vêm sendo executadas pela empresa na cidade. Três reformas estão sob responsabilidade da construtora: Biblioteca Municipal, ginásio Moringão e antigo Mercado Quebec, que vai receber a nova sede da Secretaria Municipal de Educação.

Os procedimentos, que correspondem às intervenções no Moringão e prédio onde funcionava o Quebec, podem resultar em punições, que incluem multa ou até o rompimento do contrato.

Imagem ilustrativa da imagem Empresa é cobrada por obras atrasadas em Londrina
| Foto: Gustavo Carneiro

A obra mais adiantada é a da biblioteca, que começou em agosto e alcançou 95% de execução até o final da semana passada, informou a secretaria municipal de Obras e Pavimentação. Entretanto, a data de entrega prevista era 22 de novembro.

A empresa chegou a pedir prorrogação deste prazo, mas as alegações apontadas não foram aceitas pelo município. “Estão para finalizar pequenas questões, como acessibilidade, em relação ao guarda corpo. São serviços que não justifica parar a obra”, argumentou João Verçosa, secretário de Obras e Pavimentação. Por conta deste atraso, a construtora também está sujeita a penalidades, como pagamento de multa.

De acordo com o secretário municipal de Gestão Pública, Fábio Cavazotti, a pasta irá analisar os argumentos da Secretaria de Obras e da N. da Cruz Alves para deliberar sobre cada caso. As obras pertencem a mesma instituição, porém, são distintas. Isto deve acontecer em cerca de dez dias. “A construtora tem direito ao contraditório, prazo para entrar com recursos. Em seus argumentos atribui ao município parte do atraso. Qualquer decisão que tomarmos será pautada no interesse público”, garantiu.

A empresa foi notificada três vezes pela Obras sobre os problemas encontrados. A secretaria entende que as demandas não foram atendidas, originando os processos.

EDUCAÇÃO

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| Foto: Gustavo Carneiro

A mais atrasada é a do antigo Mercado Quebec, na zona oeste. Os trabalhos iniciaram em maio e o término, assinalado no contrato, é 10 de janeiro de 2020. Dos 92% que deveriam ter sido executados até dezembro, apenas 9% foram feitos, em medição de novembro. A secretaria de Educação, que atualmente paga por um local na rua Mar Vermelho, região sul, chegou a prorrogar o contrato de locação com os proprietários por mais dois anos. O aluguel era de R$ 29,5 mil e passou para R$ 27 mil.

“É um atraso muito grande e que não tem cabimento. Existem fatores que prejudicaram, como por exemplo, a substituição do telhado, que somente quando foi tirado o forro é que viu que o grau de comprometimento era grande. É um serviço a mais, no entanto, para chegar nisso têm outras intervenções para serem feitas”, cobrou Verçosa. O secretário disse que membros da prefeitura se reuniram com representantes da companhia, que não teriam se mostrados receptivos com as determinações.

GINÁSIO

Já no Moringão, fiscalização do município sustenta que a obra, que prevê troca do telhado, climatização e reparos na estrutura metálica, entre outras melhorias, chegou a ficar praticamente sem nenhum operário durante várias semanas em outubro. A obra deveria ter 70% de execução e está com 14%. “Eles estão apresentando uma série de questionamentos”, indicou o secretário de Obras.

Entre as indagações, afirmou João Verçosa, está um pedido para que os servidores do município retirem toda a fiação elétrica para limpeza da estrutura metálica. O executivo, por sua vez, entende que isto não é preciso e que somente desligar a energia elétrica resolveria. Os pagamentos pelos serviços prestados ocorrem conforme medição, em que o valor é repassado a partir do que foi feito.

MEDIDA DRÁSTICA

O secretário de Obras e Pavimentação reconheceu que o desejo não é pela interrupção do vínculo contratual. Todavia, ressaltou que esta pode ser a saída. “Este tipo de medida tem consequências, que é ter que lançar uma nova licitação, levantar tudo que foi executado. Estamos tentando de todas as maneiras resolver isso com a empresa. Mas se chegarmos ao entendimento de que não existe capacidade de chegar à conclusão, por responsabilidade precisamos romper o contrato.”

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| Foto: Folha Arte

OUTRO LADO

Segundo o engenheiro responsável pelas três obras executadas pela N. da Cruz Alves, César Gonzales, a empresa está buscando fazer todos os serviços conforme normas técnicas, incluindo projetos e memorial descritivo, garantindo, com isso, a qualidade do que foi contratado.

Sobre a Biblioteca Municipal, esclareceu que a reforma já está finalizada, faltando apenas o guarda-corpo da rampa de acesso, que teve que ser modificada após instalação por inconsistência que não estava no projeto. “A peça, que será vidro, está em fabricação.”

Em relação à futura sede da secretaria municipal de Educação, no antigo Mercado Quebec, ele informou que os projetos apresentaram falta de informações ou incompatibilidade de medidas quando feito a locação. “Isso não será impacto para entrega, desde que a prefeitura corrija tudo que for necessário, com prioridade”, alegou.

No ginásio Moringão, o engenheiro pontuou que a questão não é tão simples quanto expresso pela Prefeitura de Londrina, pois existem mais de 120 luminárias fixadas em toda a extensão da estrutura metálica, o que impossibilita a execução dos reparos e pinturas. “Tal serviço não foi previsto no contrato e nem consta no projeto”, argumentou Gonzales.