Foi realizada na tarde desta segunda-feira (21) , na 1ª Vara Criminal do Fórum de Londrina, a audiência sobre a morte por atropelamento de um bebê, em julho do ano passado. Rodinaldo Matteo tinha 1 ano e sete meses quando foi atropelado na calçada, no Jardim Vila Rica, zona oeste de Londrina. Ele chegou a dar entrada na UPA do Jardim do Sol, mas não resistiu aos ferimentos.

Desde então, a família pede por Justiça. “A gente quer que esse crime passe como homicídio e não como um acidente de trânsito. Eu sou testemunha e eles precisam entender que o motorista foi imprudente, dirigindo bêbado. Ele matou meu filho”, diz Fernanda Vieira Andrade, 33. Ela e outros membros da família fizeram uma manifestação em frente ao Fórum para cobrar a punição do motorista.

Ela conta em detalhes e muito emocionada sobre a última vez que esteve com o filho nos braços. “Era um sábado e meu marido tinha levado meu neném para visitar minha mãe, que não o via há mais de uma semana. Quando fui buscá-lo por volta das 18h, ele estava na casa de um vizinho, amigo da família, que tinha comprado um relógio da Patrulha Canina para ele”, lembra.

Fernanda Andrade: "Eu queria uma resposta"
Fernanda Andrade: "Eu queria uma resposta" | Foto: Roberto Custódiio

'ELE VEIO CORRENDO ME ABRAÇAR'

A mãe diz que o filho tinha aprendido a andar há pouco mais de três meses. “Ele veio correndo me abraçar e eu vesti uma blusa de frio nele. Estávamos na calçada e dei três passos em direção à rua. Meu filho estava vindo atrás de mim. Quando eu olhei, foi tarde demais. Tinha ouvido um barulho e gritei. O motorista só parou alguns metros para frente porque foi impedido de fugir pelos moradores”, conta.

O carro, de acordo com testemunhas, estava na contramão e o motorista supostamente embriagado. “Na hora que eu vi meu filho no chão, ele já estava sem respirar. Comecei a gritar, mas meu neném já estava com o olho fechado. Fiquei cega na hora e só consegui correr até o carro com meu filho nos braços. O motorista estava bebendo e perguntou se não tinha atropelado um cachorro”, afirma.

Intimado por moradores, o condutor do veículo levou mãe e filho até a UPA do Jardim do Sol e em seguida teria sumido. A família procurou a Delegacia de Trânsito e o motorista se apresentou à polícia somente 10 dias depois, por videoconferência, alegando estar em outra cidade.

AUDIÊNCIA

Segundo advogado Marco Antonio Busto de Souza, que trabalha como assistente da acusação, a audiência foi para ouvir as testemunhas arroladas pela acusação e defesa. No entanto, duas testemunhas da defesa do motorista faltaram. Todas as testemunhas de acusação e do assistente de acusação compareceram. Foi assinado um compromisso de instrução de que no dia 16 de maio sejam ouvidas as duas testemunhas que faltaram.

“Depois que forem ouvidas, o réu deve ser interrogado no mesmo dia para falar a versão dele. Depois disso o Ministério Público apresentará as alegações finais e a defesa também. O juiz irá apresentar a sentença de pronúncia que vai determinar se o caso vai para o tribunal do júri ou não", explicou o advogado.

A mãe do garoto, que acompanhou a audiência, relatou que a espera por um desfecho está gerando uma depressão profunda. “Meu Deus. Só de olhar esse local em que ele matou meu filho bate o desespero. Queria que fizessem a reconstituição do atropelamento”, destacou ela, que falou à reportagem do local do acidente .”Eu queria uma resposta.”

O advogado do motorista, Laion Rock dos Santos, defende a tese de que ocorreu uma tragédia, mas não houve dolo. Ele questiona alguns itens apontados pela defesa e argumenta que o seu cliente não atropelou a criança na calçada, o veículo não estava na contramão e o carro não estava desenvolvendo velocidade alta. (Colaborou Vítor Ogawa)

(Atualizada às 18h08)

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