A partir da MP (Medida Provisória) 934/2020 publicada no Diário Oficial da União na quarta-feira (1), as escolas da educação básica não precisarão cumprir os 200 dias letivos, mas deverão cumprir as 800 horas anuais. O ajuste valerá enquanto durar a situação de emergência da saúde pública por conta da pandemia do Covid-19 e vale também para as instituições de ensino superior.

Com a suspensão das aulas no dia 20 de março, os 41 mil alunos da rede municipal passaram a ficar em casa
Com a suspensão das aulas no dia 20 de março, os 41 mil alunos da rede municipal passaram a ficar em casa | Foto: Ricardo Chicarelli - 20-09-2019

A medida foi publicada um dia depois de o CEE (Conselho Estadual de Educação do Paraná) deliberar sobre o regime especial de ensino no Estado durante a suspensão das aulas (determinada pelo Decreto Estadual n.º 4.230/2020), autorizando as instituições de ensino a ofertarem atividades não presenciais, com exceção para a educação infantil.

De acordo com o texto do CEE, “as atividades escolares não presenciais são aquelas utilizadas pelo professor da turma ou do componente curricular para a interação com o estudante por meio de orientações impressas, estudos dirigidos, quizzes, plataformas virtuais, correio eletrônico, redes sociais, chats, fóruns, diário eletrônico, videoaulas, audiochamadas, videochamadas e outras assemelhadas.”

“Temos um plano de estudo dirigido desenhado e devemos falar com o conselho municipal para uma possível implementação a partir da semana que vem. Todos os órgãos envolvidos estão discutindo as ações porque podemos ter outras resoluções do próprio Ministério da Educação. O Paraná tem um aplicativo (Escola Paraná) que parece rodar sem o consumo de dados, mas também temos que pensar no aluno que não tem nenhuma ferramenta de acesso. A ideia é avançar sem aumentar a desigualdade”, afirmou a secretária de Educação em Londrina, Maria Tereza Paschoal de Moraes.

No estudo dirigido, o professor atua como um orientador e o aluno passa a ter mais autonomia no processo de estudo. A secretária disse que não será possível cumprir os 200 dias letivos. “O município é autônomo nas decisões, mas precisamos seguir as diretrizes nacionais. O desafio é fazer com que as famílias brasileiras façam tarefas com filho e acompanhem a vida escolar dele, independente da classe escolar. , pois nós não temos uma cultura de estudar em casa", disse.

CANAL DE COMUNICAÇÃO

Com a suspensão das aulas no dia 20 de março, os 41 mil alunos da rede municipal em Londrina, distribuídos em 87 escolas municipais, 34 CMEIs (Centros Municipais de Educação Infantil) e 58 creches filantrópicas, passaram a ficar em casa.

“A suspensão inicial era uma previsão de antecipação do excesso de julho. Temos agora uma situação diferente e precisamos do posicionamento dos órgãos de educação sobre os próximos passos”, comentou Moraes, citando que para facilitar a vida das famílias, foi solicitado para cada direção de escola criar um canal de comunicação com os pais de alunos.

“Pedimos para todos montarem uma linha de transmissão pelo whatsapp até porque sabíamos que haveria uma ‘chuva' de fake news. Mas o canal também foi uma forma de professores passarem orientações, vídeos e links relacionados aos conteúdos já vistos em sala de aula”, completou.

FOTOS DOS FILHOS

Na Escola Municipal Maestro Andrea Nuzzi, na zona norte, os alunos estão recebendo sugestões de leitura diariamente. “Optamos por não enviar atividades na primeira semana considerando a adaptação de toda a situação e até a ansiedade de toda da família. Estávamos estimulando somente a leitura, mas agora nós enviamos uma atividade escrita”, comentou a diretora Mercia Maria Cardoso Tavares da Silva. A escola atende 197 alunos com ensino fundamental I.

Atividades propostas para alunos da Carlos Dietz consideraram a realidade de cada turma
Atividades propostas para alunos da Carlos Dietz consideraram a realidade de cada turma | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

Na Escola Municipal Carlos Dietz, na região central, a diretora Vânia Isabeli Costa, conta que a atividade proposta aos 320 alunos da educação infantil e ensino fundamental, considerou a realidade escolar de cada turma. “Muitos pais respondem às sugestões com fotos dos filhos realizando as atividades ou contando como foi a interação. Nesse momento em que as famílias estão juntas é uma oportunidade de os pais conhecerem melhor a realidade educacional dos filhos e ter qualidade em todos os sentidos. Desde a alimentação em família, das brincadeiras, leituras”, afirmou.

O compartilhamento de atividades via Whatsapp é um recurso proposto para a rede de ensino no início da suspensão das aulas. Agora, as escolas aguardam as definições da secretaria municipal de Educação para a próxima semana.

KITS COM ALIMENTOS

Para suprir a carência alimentar de muitos alunos, a Educação montou kits com alimentos da despensa de 180 unidades escolares os distribuiu para cerca de 10 mil famílias entre os dias 17 e 20 de março.

A princípio, os alunos iriam até as unidades escolares de cada região, divididos em grupos, para receber a merenda. "Dado a gravidade da pandemia de coronavírus e a forma com que vieram os decretos, optamos por essa medida para evitar aglomerações", justificou a secretária.

De acordo com ela, até o dia 20 de abril, as famílias de alunos inscritos no programa Bolsa Família deverão receber cestas básicas que estão sendo adquiridas pela secretaria de Assistência Social. "Elas serão distribuídas a esses quase 10 mil alunos que estão nos recortes da assistência social. Então, no pior dos cenários, esses alunos terão comida", garantiu.