"Aceita a bandeira, padrinho/madrinha?”. Em cada convite que o grupo londrinense Mensageiros da Paz faz nos portões das casas, a tradição da Folia de Reis se mantém viva. Ao serem acolhidos pelas famílias, os lares se enchem com o colorido das fitas, as mensagens de fé e a alegria dos versos cantados.

O festejo marcado pelas músicas alegres em louvor aos Santos Reis e ao nascimento de Cristo tem início no dia de Natal e segue até 06 de janeiro, quando se comemora o Dia de Reis, que na tradição cristã foi o dia em que os três reis magos - Gaspar, Baltazar e Melquior - levaram presentes a Jesus Cristo.

Imagem ilustrativa da imagem É tempo de Folia de Reis
| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

A bandeira é confeccionada em tecido de boa qualidade, bordada ou pintada à mão com as figuras do presépio. "Ela representa a estrela que guiou os magos e o colorido das fitas que colocamos nos instrumentos é para ostentar o status de reis. Quando visitamos as casas, saudamos as famílias e cantamos para pedir bênçãos dos santos reis. Também pedimos uma oferta de acordo com cada gosto, seja em dinheiro ou mantimentos”, explica Francisco Garbosi, de 83 anos.

Cada cor de fita tem um significado. O verde, vermelho e amarelo lembram a trilogia dos Reis e os presentes ofertados. O branco, rosa e azul lembram a trilogia da Sagrada Família, sendo o rosa, a cor de São José, símbolo do amor e paciência; azul é a cor do céu e da Virgem Maria e o branco é a cor do Menino Jesus, símbolo da paz.

HERANÇA

Garbosi segue a tradição desde 1961, quando começou como embaixador – aquele que elabora os versos e puxa as cantorias – e hoje integra o grupo Mensageiros da Paz, formado em 1989. “Quem nasce em uma família de foliões, herda essa cultura. A tradição está no sangue”, brinca.

O grupo da zona norte de Londrina conta com 13 integrantes, sendo alguns deles familiares de Garbosi. “Sempre vi meu pai cantando e comecei a participar. É muito bom porque movimenta a casa e é uma alegria ver a fé das pessoas que nos recebe”, diz Sandra Maria Garboni de Jesus, 50. Na família de Cláudio Azarias, 79, a devoção também foi passada de geração em geração. “Meu avô era embaixador e desde criança eu participava dos festejos. Nasci ouvindo, gostei e aprendi a tocar e a cantar”, lembra.

As canções natalinas e em versos rimados são embaladas por vários instrumentos como o violão, a viola, sanfona, pandeiro e zabumba. “Para nós é uma satisfação muito grande, assim como a alegria daqueles que estão nos acolhendo”, comenta Luiz Liberato da Costa, 70.

Waldemar Eugênio Batista, 72, não nasceu em uma família de foliões, mas lembra que seus pais sempre os acolhiam. “Desses encontros, entrei para o grupo e para mim é algo sagrado. Somos unidos e temos muita devoção. Algumas coisas mudaram. Não são como antigamente porque agora podemos cantar em qualquer época e não somente no fim de ano”, diz.

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| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

Garbosi destaca que as doações recebidas são para a realização da Festa dos Santos Reis, que acontecerá no dia 23 de janeiro, a partir das 8h, na Igreja Santos Reis (rua Praia da Baleia, 700, no Jd. Porto Seguro). Com a pandemia, o grupo deixou de sair pelas ruas batendo de porta em porta e tem realizado as visitas de forma agendada.

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| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

ORIGEM

A folia de Reis surgiu na Espanha no início do século 13. De lá foi para Portugal e os portugueses a trouxeram para o Brasil onde recebeu aprimoramentos. No Brasil, os reisados (ou festa dos Santos Reis) foram muito incentivados pelos padres Jesuítas. O Estado de Minas Gerais tornou-se o berço dessa modalidade. (Com informações da Arquidiocese de Londrina)

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