Roma - Itália - Dom Geraldo Majella Agnelo era arcebispo de Londrina, em 1991, quando foi convidado por João Paulo II a deixar o Norte do Paraná para trabalhar no Vaticano, onde assumiria o cargo de Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Ele aceitou o convite e, por sete anos e meio, trabalhou respondendo diretamente ao papa que será beatificado hoje.
Atualmente cardeal e um dos homens que poderia ser eleito papa em eventual conclave - ele pode votar e ser votado até outubro de 2013, quando completa 80 anos - dom Geraldo Majella Agnelo está em Roma, onde participa, como um dos cocelebrantes, da cerimônia de hoje. Sempre de fala tranquila, ele atendeu à reportagem da FOLHA, recordando-se dos estreitos laços que mantém com o Paraná. Trabalhou em Toledo (Oeste) de 1978 até 1983 e depois em Londrina.
Entusiasmado com o momento, o cardeal recorda das reuniões das quais participou com João Paulo II. ''O papa era uma pessoa extraordinária. Falávamos muito à vontade. Dava exemplos, era pessoa aberta, discordava e concordava sem limitar as discussões. Certa vez, me lembro bem, quando tratávamos da participação das mulheres no serviço do altar, afirmou como foi importante na União Soviética o papel da mulher para a manutenção do cristianismo mesmo depois de 70 anos de comunismo. As mães e as avós mantiveram a fé em suas famílias, ensinando aos filhos e netos a doutrina católica, o amor à Eucaristia e à Virgem Maria'', relata.
Já nas conversas particulares o assunto invariavelmente era o Brasil. ''Ele se interessava muito pelo nosso País, do qual guardava memória muito viva dos diversos lugares que visitou. Dizia que era uma terra de jovens que lhe davam muita esperança quanto à vivência da fé em Cristo'', complementa.
Convidado a fazer uma avaliação sobre a beatificação e uma possível futura canonização de João Paulo II, o cardeal responde como homem da Igreja Católica. ''Eu creio firmemente que a ocasião fará que se possa ver o grande exemplo da vida do papa para o nosso mundo perturbado de tantos modos e cheio de desafios. João Paulo II foi homem de fé e acreditou que os homens podem e têm capacidade de fazer alguma coisa para o bem comum. É só querer.''