Dois anos após anúncio, reforma do Zerão não saiu do papel
Frequentadores reclamam do abandono e sensação de insegurança. Prefeitura busca nova empreiteira para executar serviços de revitalização
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 24 de março de 2025
Frequentadores reclamam do abandono e sensação de insegurança. Prefeitura busca nova empreiteira para executar serviços de revitalização
Heloísa Gonçalves

A revitalização no Zerão, na área central de Londrina, deveria ter sido iniciada em julho do ano passado, com prazo de conclusão até fevereiro deste ano, porém, os trabalhos ainda não começaram. A prefeitura busca nova empresa para realizar a obra, anunciada em 2023, após a empreiteira que venceu a licitação não executar os serviços e o contrato ser rescindido.
Em janeiro, o órgão municipal multou a terceirizada em R$ 438 mil, 20% do contrato de R$ 2,1 milhões, financiado por emenda parlamentar da deputada federal Luísa Canziani. No momento, o projeto de melhorias está sendo “corrigido” pela Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação, informou o secretário Otavio Gomes. “Fizemos algumas adequações, porque o projeto não contemplava alguns pontos que nós estamos adicionando. Agora nós vamos começar um novo processo, porque não houve interesse da segunda colocada, e a primeira desistiu, saiu do páreo. Então nós vamos rever o projeto rapidamente e refazer o processo de licitação”.

Quando anunciado, o planejamento incluía recuperação da pista de caminhada, reconstrução e reforma de escadas e passarela, substituição de alambrados, plantio de grama, implantação de sistema de drenagem com boca de lobo e poço de visita, além de instalação de lixeiras, novos equipamentos para a academia ao ar livre e bancos de concreto. Espaços próprios para a prática de basquete, futebol suíço, skate e gateball também estavam previstos, junto de uma quadra poliesportiva. Melhorias no Anfiteatro do Zerão não foram contempladas pelo projeto.

A reportagem procurou a prefeitura de Londrina para questionar sobre a nova licitação, mas não recebeu retorno até o fechamento da edição.
INFRAESTRUTURA
A FOLHA esteve presente no Centro de Recreação e Lazer Luigi Borghesi neste domingo (23) e atestou a necessidade de reformas. Na parte inferior do espaço, os alambrados das quadras esportivas estão desgastados ou faltantes, com todos os portões de entrada enferrujados. O mato alto não é suficiente para esconder a pichação nas paredes e bancos de concreto, sendo que alguns estão quebrados e a pintura está gasta.
Tássia Pascoalinoto é mãe de dois meninos, Leonardo, de 6 anos, e Samuel, de 5 anos. Ela aproveitou o domingo para ir à área de lazer com os filhos e marido, Bruno Dellaroza, que andavam de bicicleta e patinete elétrico na pista de skate. A mulher contou que não tem o hábito de frequentar o local todos os fins de semana, mas que iria mais ao espaço se fosse “atrativo”.

“Almejamos melhoras na infraestrutura aqui, por conta da segurança e a estética, já que muitos jovens frequentam. Já estivemos aqui em outros horários que os skatistas utilizam muito o local, a quadra de basquete, então acho que seria importante revitalizar para que os jovens e as famílias possam usufruir mais", ponderou Pascoalinoto.
Seu filho Samuel acredita que o longo banco de concreto ao lado da pista, que funciona como divisória com uma das quadras esportivas, deveria ser reformado, “porque se alguém cair pode se machucar”. A criança também reclamou da falta de banheiros no espaço, afirmando que “não dá pra ficar sem”.
A personal trainer Thaywane Derner é frequentadora assídua do Zerão, estando no espaço todos os fins de semana para fazer uso, principalmente, da academia ao ar livre e da escadaria do anfiteatro. Como pessoa que se exercita regularmente na área, considerou que as estruturas próximas à Avenida Aminthas de Barros estão em melhor situação do que o restante do local. “Aqui está ok, dá pra usar, mas a escadaria tem umas partes bem feias, a iluminação fica bem complicada à noite. Dependendo do horário, ali tem bastante gente estranha, por mais que tenha aquela parte que fala da Guarda Municipal, mas você vê que não tem câmera em tudo”, apontou.

A profissional contou que convida seus alunos para treinar no Centro de Recreação aos fins de semana, mas que muito hesitam pela sensação de insegurança. “Estou tentando fazer a cabeça deles, mas muitos vêm com criança e dependendo do horário não tem como. É tenso pra quem tem filhos, porque eles podem ver coisas erradas, então é melhor não insistir”.
Assim como a personal, José Elias da Silva utiliza a infraestrutura gratuita para se exercitar. Suas principais queixas com relação ao espaço envolvem a segurança e manutenção, afirmando que “faltam câmeras para evitar roubos e pinturas para não ficar mais desgastado como está”.

Contou ainda que faz bom proveito do que o Zerão tem a oferecer. “Por enquanto, a única coisa que eu não usei ainda foram os campos de futebol e as quadras, porque toda vez que eu chego aqui não tem ninguém pra jogar. Mas a academia eu faço aqui, quando eu tenho dinheiro eu bebo também”, explicou Silva, se referindo ao restaurante que fica ao lado da academia ao ar livre.

