Um estudo detalhado dos salários dos policiais militares demonstra diferenças de 1.500%. Um soldado em final de carreira recebe R$ 290,26 de salário-base, R$ 290,26 de gratificação, R$ 29,03 de curso e 2% do total de vencimentos por inatividade, totalizando R$ 621,74. Já um coronel em final de carreira tem salário-base de R$ 784,49, gratificação de R$ 3.050,00, curso de R$ 1.140,00, 50% de adicional por estar em final de carreira e 10% por inatividade, somando R$ 7.957,86. A remuneração de um coronel pode pagar 12,5 soldados em final de carreira.
O levantamento reflete o descontentamento dos policiais militares que não recebem a gratificação especial que era paga antes do governo Alvaro Dias. Atualmente, apenas 552 militares da ativa e da reserva são beneficiados com a Gratificação PM Especial Integral, por meio de sentença judicial. O benefício representa um impacto de R$ 207,5 mil na folha de pagamento do Estado. Se todos os 23,6 mil militares (de soldado a primeiro-tenente) recebessem a gratificação, o reflexo seria de R$ 7,9 milhões.
Os policiais reclamam ainda de um estudo que teria sido feito pelo Estado Maior da Polícia Militar do Paraná e que aumenta as gratificações salariais para os cargos de capitão, major, tenente-coronel e coronel. A
Folha teve acesso com exclusividade ao documento, que já estaria sendo analisado pela Secretaria de Estado da Administração. Os oficiais pedem aumento nas gratificações de função que, se for aprovado, elevaria de R$ 8,7 mil para R$ 10,3 mil a remuneração do comandante-geral da Polícia Militar. Todos os demais oficiais com cargos de chefia receberiam gratificações que variam entre 16% e 200% do total do soldo. Eles ainda têm um telefone celular à disposição e viaturas com motoristas.
Outra reclamação é a proibição aos policiais militares de fazerem trabalhos fora do expediente em outras atividades. No entanto, os oficiais podem fazer ‘‘bicos’’ legalizados, ministrando aulas na Academia Policial Militar do Guatupê (APMG) em horário de expediente e recebendo R$ 11,50 por hora/aula. Os oficiais na reserva ganham ainda mais, R$ 23,00 por hora/aula. Um professor do Estado concursado recebe R$ 4,50 por hora/aula.
O relatório demonstra ainda as diferenças salariais que ocorrem por emprego de policiais não qualificados em funções privilegiadas (tenente ocupando função de capitão, capitão ocupando função de major, etc). As diferenças salariais por desvio de função no mês de março somam R$ 81,6 mil no total da folha de pagamento.
No ano passado, em época de campanha eleitoral, depois de intensas negociações com o governo do Estado os policiais conseguiram a garantia de pagamento da Gratificação PM Especial a partir de fevereiro deste ano. Mas a promessa não foi cumprida. O projeto deveria ter sido encaminhado para a Assembléia Legislativa em novembro do ano passado.