Promoção existe, banners de liquidação e cartazes de oferta estão nas vitrines das lojas no Calçadão de Londrina, mas poucas oferecem condições exclusivas para o Dia do Consumidor, que é comemorado nesse domingo, dia 15 de março. Lojistas apontam que a data ainda não caiu no gosto do londrinense e que para combater a crise estão adotando estratégias individualmente.

Imagem ilustrativa da imagem Dia do Consumidor não convence em Londrina
| Foto: Lais Taine

A mudança de estação já é motivo para que as promoções entrem. Produtos da primavera-verão saem para dar espaço aos do outono-inverno. Foi no que apostou uma rede de lojas de malas, bolsas e acessórios de viagem. “A gente está vindo de uma liquidação para entrar a campanha nova de outono-inverno. Aqui não fazemos promoção para o Dia do Consumidor, seguimos nossas campanhas especiais”, explica Zilda da Silva, gerente da unidade do Centro.

A rede tem uma característica específica da crise, com a pandemia do coronavírus fechando aeroportos do exterior, a venda de malas pode ser impactada. “A gente vende muita mala, pode ser que haja uma queda, porque o pessoal vai viajar menos para o exterior. Essa semana ainda vendemos para pessoas que tinham pretensão de viajar para Itália e Portugal em abril, mas agora foi anunciado que esses países não vão receber visitantes nesse momento”, relata.

Por conta dessa situação, a loja deve criar campanhas apostando em outros produtos, como bolsas e carteiras, mas as ações ainda são incertas e precisam ser estudadas de acordo com as novas notícias da doença. “Como se preparar para uma pandemia?”, questiona a gerente.

Um estabelecimento que vende cosméticos também adotou a prática de criar campanhas individuais, não adotando o Dia do Consumidor como potencial atrativo. “A loja já tem as próprias campanhas. Como dia de ofertas, a Black Friday é melhor, essa de agora acredito que ainda não pegou”, acredita Fátima Damásio, gerente da unidade.

Ela disse que a unidade ainda não sentiu os impactos do coronavírus no comércio, mas comenta que alguns produtos tiveram mais procuras. “Álcool em gel e máscaras a gente não consegue dar conta, os fornecedores não entregam mais a quantidade pedida pela demanda”, analisa. A gerente afirma que não sentiu queda no movimento por conta da doença e que as pessoas estão circulando normalmente.

UMA ANDORINHA SÓ NÃO FAZ VERÃO

Uma loja de utilidades domésticas investiu uma quinzena no Dia do Consumidor. Banners, decoração, tabloide de promoção, produtos direcionados, além de atrativos, como distribuição de pipoca grátis aos clientes na porta da loja. “Já faz parte da estratégia de toda a rede. Aqui, essa data ainda não é forte, mas eu acho que se todo o comércio se unisse, tivesse mais força, os clientes entenderiam mais que essa é uma data especial”, afirma Débora Solano, encarregada da loja. Ela acredita que falta comunicação entre comerciantes para que a data seja mais forte e atrativa tanto para quem vende quanto para quem compra.

Além de campanhas para atrair clientes, a rede está adotando medidas para sentir menos os impactos que o coronavírus possa trazer. “Nós adiantamos as compras dos nossos produtos, então estamos com os estoques cheios. Fizemos isso como medida de prevenção de uma possível falta de abastecimento”, afirma. Solano também conta que este período é naturalmente mais fraco para o comércio e que não pode dizer que as quedas que ocorreram são decorrentes da doença, porque os dados estão de acordo com estatísticas do ano passado.

‘DIA DE QUEM?’

Muitos compradores que circulavam Calçadão no sábado (14) respondiam que não sabiam sobre o calendário comercial e que mal conhecem a data. “Eu nem sabia que existia o Dia do Consumidor”, comenta Cleuci Côrtez, 57. A dona de casa disse que não estava acompanhando as propagandas e que tinha observado um movimento natural das lojas. “Eu vejo, sim, que estão com promoção, avisando que tem coleção nova, mas nada de muito diferente da rotina, nada especial”, afirma. Para ela, o momento é comum de uma troca de coleção.

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL

A ACIL (Associação Comercial de Londrina) afirmou que não foi feita campanha para esta data. “A gente tem um foco maior no Dia da Mulher, a maioria dos comerciantes da associação preferiu focar no dia 8 de março, promovendo a semana ou o mês da mulher, e o Dia do Consumidor acabou ficando em segundo plano”, explica o presidente Fernando de Moraes. Ainda assim, alguns comércios adotaram a data individualmente como estratégia.

Moraes aponta que essa não é uma particularidade do londrinense e sim um comportamento de âmbito nacional. “A gente vê campanhas de nível nacional que não tiveram foco nisso também, preferiram adotar outras estratégias. Não sei dizer por que o Dia do Consumidor não pegou por aqui, mas não é coisa do londrinense, é do Brasil”, aponta.