Os londrinenses aproveitaram a trégua nos dias chuvosos e, nesta quinta-feira (2), compareceram em peso aos cemitérios da cidade para celebrar o Dia de Finados. Às 7h30, quando foram abertos os portões, o movimento já era intenso. A estimativa da Acesf (Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários) era de que aproximadamente 150 mil pessoas passassem pelos 13 cemitérios localizados na zona urbana e em oito distritos rurais do município ao longo de todo o dia.

No cemitério São Pedro, na região central, a missa celebrada pelo arcebispo de Londrina, dom Geremias Steinmetz, reuniu muitos fiéis. Em sua homilia, dom Geremias lembrou que embora remeta à morte, o Dia de Finados não deve ser encarado como um símbolo da finitude. Ao contrário, deve ser visto como um momento de “celebração da esperança” na vida eterna. “A Igreja celebra com fé o mistério pascal na certeza de que todos os que se tornaram pelo batismo membros de Cristo crucificado, através da morte passam com ele à vida sem fim.”

Gratidão

Homenagear aqueles que já se foram com flores, velas e orações, ressaltou o arcebispo, é um gesto de gratidão e de reconhecimento. “Essa flor que hoje você vai deixar no túmulo é, certamente, sinal de que você quer continuar compartilhando a tua vida, a tua existência, a tua fé, o teu amor. No fundo, está se realizando um rito muito significativo. As flores simbolizam o paraíso, a felicidade que todos desejam aos seus entes queridos”, disse o arcebispo. “Nesse gesto de trazer uma flor, de rezar, estamos, no fundo, abraçando e beijando as pessoas que já nos deixaram.”

A visitação nos cemitérios de Londrina começou bem cedo, às 7h30
A visitação nos cemitérios de Londrina começou bem cedo, às 7h30 | Foto: Simoni Saris

Em suas palavras, dom Geremias também buscou confortar aqueles que sofrem pela ausência de avós, pais, irmãos e amigos. “Trazemos à lembrança os que caminharam conosco nessa peregrinação terrena. Alguns, por muito tempo. Mas a vida que eu levei com eles também já está, certamente, diante de Deus.”

"A saudade não passa"

Antes de acompanhar a missa, a aposentada Lindalva Freitas de Jesus passou pelo túmulo onde estão sepultados seus pais e os dois irmãos mais velhos. Ela deixou um vaso de flor para cada parente e acendeu um maço de vela para cada um, cumprindo o ritual de Dia de Finados que cultiva há décadas. “Podem passar muitos anos da morte, mas a saudade não passa. A gente se lembra dos bons momentos em que estivemos com eles com alegria e reza para que estejam nos braços do Pai, vivendo em Cristo. É só o que podemos fazer daqui.”

A enfermeira Ana Cláudia Souza dos Reis vive no interior de São Paulo, mas sempre que pode vem a Londrina no Dia de Finados para prestar homenagens aos tios já falecidos. “É o mínimo que posso fazer em retribuição. Quando eu vim para Londrina estudar, eles me acolheram na casa deles. Se não fosse essa ajuda, não conseguiria ter me formado porque meus pais não teriam condições de me manter aqui. Tudo o que eu consegui na vida através do meu trabalho, eu devo aos meus tios que sempre me apoiaram. Foram dois anjos na minha vida.”

Prevenção à dengue

Na entrada dos cemitérios, servidores do município faziam o trabalho de prevenção à dengue, orientando os visitantes a retirarem as embalagens plásticas dos vasos de flores vendidos pelos ambulantes nas ruas do entorno. A medida é uma prática adotada todos os anos para evitar o acúmulo de materiais que possam servir de criadouro para o Aedes aegypti no interior dos cemitérios.