Fortalecer um exército para combater a dengue é o plano de ação do gerente de Vigilância Ambiental e coordenador do Controle de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde de Londrina, Nino Medeiros Ribas. "O índice epidemiológico do final de outubro indica que 90% dos criadouros estão nos quintais. Na água do animal de estimação, no prato da planta, por exemplo. Ou seja, todas com a intervenção humana", afirmou.

No último sábado (14), a prefeitura escolheu o Terminal Urbano de Transporte Coletivo para uma ação estratégia do Dia D de Combate à Dengue. O gerente alerta ainda que as ações para mobilizar a população pretendem ter um quadro diferente de 2024. "Sim, porque foram casos confirmados e, embora sejam 218 agentes dedicados ao controle da dengue, todos os profissionais da Secretária de Saúde se enquadram nesse perfil de combate e é fundamental que toda a população integre esse grupo de força", ratifica.

Ribas destaca que o mosquito vem passando por adaptações, por isso, todo o cuidado ainda é pouco. "Somamos às ações de conscientização de hoje um trabalho intenso por meio de dois projetos importantes: um é dentro das empresas, onde um trabalhador da empresa tem um papel de agente, faz check-list zelando pelos cuidados e isso é significativo. O outro são as crianças que atuam como agentes mirins nas escolas municipais e, por meio da educação e hábitos diários junto às famílias e comunidade, realizam um trabalho também relevante", valoriza.

Realizado em todo o País, o Dia D de combate à dengue contou com ações para sensibilizar e conscientizar a população sobre prevenção e a série de cuidados que devem ser tomados em prol de saúde pública e para evitar uma epidemia de dengue no verão de 2025.

SAÚDE PÚBLICA

No Terminal Urbano Central de Londrina, os agentes marcaram presença com um aparato tão didático como criativo, capaz de permitir que crianças e idosos visualizem todo o processo evolutivo do Aedes aegypti, assim como as formas de evitar que um mosquito cause tantos estragos na comunidade.

Dalila Santos e Andrea Nogueira apostam na conscientização como forma de prevenção contra a dengue
Dalila Santos e Andrea Nogueira apostam na conscientização como forma de prevenção contra a dengue | Foto: Walkiria Vieira

A maquete apresentada no espaço trouxe um exemplo de uma casa certa e uma errada, numa demonstração bem clara de que o comportamento do cidadão é o que faz a diferença. Piscina abandonada, lixo jogado no quintal, caixa-d'água aberta, pneus no relento são o combo perfeito para a proliferação do mosquito causador da dengue.

Juntos ou isolados, os exemplos da casa errada reproduzem cenas comuns do cotidiano dos agentes de Londrina. Responsáveis por apresentar a maquete, o ciclo evolutivo do mosquito e todas os cuidados para o usuários, as agentes de endemias Dalila Santos e Andrea Nogueira são cautelosas, mas apostam na conscientização para seguirem otimistas às vésperas da chegada de 2025.

Em um tablet, lançaram mão da tecnologia para mostrar as facetas do mosquito em seu desenvolvimento, assim como as larvas alimentadas por uma simples gota de água. Para a usuária do Terminal e moradora do jardim Leonor, região oeste, Rute Pires, 76 anos, informação não é demais. "Minha filha e meu genro tiveram dengue. Ficaram de cama, então alertar que está chegando o verão, as chuvas e o perigo maior, é importante", opinou.

Campanhas intensificadas

Auxiliar de departamento pessoal, Brenda Ingrid, 25 anos, também considera de grande valia que as campanhas sejam mantidas e até mais intensificadas nesse período de festas para proteger a população. "Eu tive dengue, sofri internamento e sabemos que foi por causa do descuido no entorno de onde morava". Embora faça anos que isso aconteceu, a jovem recorda-se do quão doloroso foi o período em que foi afastada de sua rotina. "É muito bacana ver uma maquete assim, toda colorida, com exemplos bem simples, como o de uma casa blindada contra a dengue e outra totalmente abandonada".

Moradora de Ibiporã, a trabalhadora entende que o descaso alheio tem um efeitos devastadores, pois sentiu na pele. "Tive até hemorragia e penso que todos devem ter mais consciência, cuidar literalmente de seu quintal e não contribuir para que tantas pessoas adoeçam, fiquem sem trabalhar e afetem os sistemas de saúde", desabafa.

Rosenilda Aparecida Mariano: "Infelizmente, muitas pessoas não dão a devida seriedade ao assunto (dengue)"
Rosenilda Aparecida Mariano: "Infelizmente, muitas pessoas não dão a devida seriedade ao assunto (dengue)" | Foto: Walkiria Vieira

Para a auxiliar de serviços gerais Rosenilda Aparecida Mariano, 48 anos, a difusão das informações deve ser redobrada dada a gravidade causada pelo mosquito. "Infelizmente, muitas pessoas não dão a devida seriedade ao assunto e ignoram que um mosquito pode levar uma vida embora", reflete. "Vemos todos os dias as pessoas jogando lixo até pela janela do carro, entre outras atitudes de desleixo que geram o acúmulo de água como em sacolinhas e copos plásticos abandonados que só pioram a situação". Mariano valoriza empresas como onde atua, que seguem todas as lições de combate e prevenção à dengue.

O boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde aponta que a cidade soma, desde janeiro deste ano, 69.766 casos notificados de dengue. Destes, 41.849 foram confirmados, 6.452 estão em investigação e 52 óbitos foram registrados por causa da doença.

As ações do Dia D incluíram as regiões norte e oeste, além do Terminal Urbano Central. A programação consiste em visitas domiciliares, orientação sobre os cuidados com a dengue e aplicação de inseticidas em Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Na zona norte, está previsto a borrifação intradomiciliar residual (BRI) nas UBSs do Jardim Novo Amparo, e nos conjuntos Milton Gavetti, João Paz, Aquiles Stenghel e Maria Cecília. Nos bairros Columbia e Columbia II, na zona oeste, 20 agentes de combate às endemias passarão nas residências aplicando larvicidas e orientando os moradores sobre os cuidados necessários.

De acordo com o gerente de Vigilância Ambiental, as regiões norte e oeste foram escolhidas devido ao aumento no número de casos de dengue nos últimos dias. Já o Terminal Central foi selecionado por conta do grande número de pessoas que transitam no local.