Das mais de 13 mil doses da vacina contra a dengue recebidas pelo município de Londrina para imunização de crianças entre dez e 11 anos de idade, pouco menos de três mil foram aplicadas até o momento. Mesmo com a vacinação descentralizada, a procura está muito abaixo do esperado e a Secretaria Municipal de Saúde programou ações para tentar ampliar a cobertura. Na tarde deste sábado (2), um mutirão vai ser realizado no Boulevard Shopping Londrina para tentar fazer a vacina chegar ao público-alvo.

Esta iniciativa se soma a outras já em curso, como a aplicação de veneno e a vistoria de residências feitas diariamente pelos agentes municipais, mas a secretaria ressalta que os índices da doença só irão cair se toda a população fizer a sua parte, cuidando do seu quintal. Dados do boletim mais recente apontam 3.220 casos confirmados de dengue em Londrina e quatro mortes. E os números estão subindo.

Os níveis da doença preocupam os órgãos sanitários. A alta no número de pessoas infectadas não é uma realidade isolada de alguns municípios ou regiões do país. O crescimento se estende por todo o território nacional e a situação é alarmante. No Paraná, a última atualização feita pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) indicou 58.567 confirmações e 23 pessoas já morreram no Estado por complicações causadas pela dengue. No Brasil, o número de casos ultrapassou a marca de um milhão nesta semana.

“Infelizmente, a procura (pela vacina) está baixa até agora. São 2.878 doses aplicadas em um universo de 13.072. Tínhamos capacidade física nas unidades básicas de saúde, no mutirão (no último sábado) tínhamos condições de imunizar de cinco a seis mil crianças, mas a procura não chegou. Não conseguimos atingir o nível de conscientização a respeito da vacinação contra a dengue nesse momento”, lamentou o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado.

A vacina surge como mais uma ferramenta e uma importante aliada para evitar a contaminação. Por isso, neste sábado, uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde estará no Boulevard Shopping Londrina (zona leste), das 14 às 19 horas, próximo à escada rolante. Pela manhã, servidores farão a aplicação de veneno residual em dez escolas municipais, distribuídas pelas regiões norte, sul e oeste da cidade.

ATENDIMENTO AMPLIADO

Paralelamente às ações preventivas, a secretaria decidiu ampliar o atendimento aos pacientes com suspeita ou confirmação de dengue. A unidade básica de saúde do jardim Itapoá (zona sul), irá funcionar das 7 às 19 horas neste sábado para atender exclusivamente casos da doença. Os postos de saúde dos distritos de Paiquerê e Lerroville também estarão abertos, das 7 às 12 horas. Todas essas iniciativas fazem parte do Dia D – Brasil unido contra a dengue, proposto pelo Ministério da Saúde.

Machado disse que a secretaria avalia a possibilidade de ampliar a faixa etária coberta pela vacina, estendendo a imunização ao público de 12 a 14 anos de idade, mas que o município não tem autonomia para decidir sobre isso. Como a vacina é feita em duas doses e as remessas vêm do governo federal, aumentar o público-alvo poderia resultar em risco de não recebimento da segunda dose em número suficiente para atender a todos que receberam a primeira dose. O planejamento feito pelo Ministério da Saúde neste momento só prevê o público de dez a 11 anos.

“Essa discussão vem sendo feita em âmbito nacional com os conselhos de secretarias estaduais e municipais junto ao Ministério da Saúde para que a gente possa oportunizar a vacina para outras faixas etárias, dentro da liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, explicou o secretário. “Temos dez mil vacinas em estoque. Se ampliássemos a faixa etária para crianças de 12 a 14 anos, conseguiríamos talvez mais duas mil crianças vacinadas, o que é um número relevante.”

Outra alternativa avaliada pela Secretaria Municipal de Saúde é levar a vacinação para dentro das escolas, como foi feito no ano passado para atingir a cobertura vacinal de calendário.

CONSCIENTIZAÇÃO

O secretário voltou a fazer um apelo à população para que se conscientize e atue de forma conjunta com o poder público no sentido de erradicar os focos do mosquito da dengue. “Todas as ações que se possa imaginar temos feito, mas nenhuma delas vai substituir a conscientização por parte da população. Não é uma epidemia que está composta por grandes descartes irregulares em fundos de vale, grandes lixões a céu aberto. É uma epidemia que está composta por 95% dos casos (relacionados) a focos dentro de nossas casas e não vamos ter efetivo para entrar na casa de todo mundo e, mais do que isso, limpar o quintal de todo mundo.”

O apelo do secretário é baseado em indicadores que apontam que nas próximas quatro semanas os números da dengue devem crescer ainda mais em Londrina. “Temos tempo para evitar que isso aconteça, mas só vamos conseguir fazer isso de forma articulada, com a participação da sociedade civil organizada, de cada londrinense.”