Imagem ilustrativa da imagem Detran-PR alerta motoristas: não transforme bebida em arma
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

Mesmo em meio a restrições de circulação, de redução de aglomerações e de vendas de bebidas alcoólicas em alguns períodos deste ano em função da pandemia de Covid-19, mais de sete mil motoristas foram flagrados dirigindo alcoolizados no Paraná em 2020. Um número bastante expressivo quando se trata da segurança no trânsito. A informação é do Detran/PR (Departamento de Trânsito do Paraná), que lançou a campanha “Não transforme bebida em arma”. O objetivo é alertar e conscientizar a população sobre os riscos provocados de ingerir bebidas alcoólicas e sair na direção de um veículo, principalmente nesta época de fim de ano e viagens.

O diretor-geral do Detran, Wagner Mesquita, ressaltou ainda ser alarmante o índice de óbitos nas vias em função de as pessoas dirigirem embriagadas. “Foram 983 casos somente em 2020. Devemos nos conscientizar que o risco é grande quando bebemos e dirigimos”, comenta.

ACIDENTES GRAVES

O policial rodoviário federal Luis Carlos de Goes Maciel Junior, do setor de Comunicação da PRF no Paraná, ressaltou que a direção combinada com a ingestão de bebida alcoólica gera falta de atenção e deixa o motorista mais "corajoso". “O uso de álcool está relacionado a acidentes graves. O consumo de álcool altera a atenção do ser humano e o incapacita durante a condução em uma ultrapassagem, por exemplo. Dependendo do grau de embriaguez, ele acaba dormindo no volante. O mesmo ocorre com os motoristas que consomem drogas ou rebite. O motorista deve colocar a mão na cabeça sobre sua responsabilidade ao volante”, relatou.

Segundo ele, nas rodovias federais do Estado, os dados foram bem próximos aos registrados no ano passado. Em 2019, de janeiro a outubro, foram 574 acidentes provocados pela ingestão de álcool e em 2020, no mesmo período, foram 535.

CMTU

O diretor de Trânsito da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), major Sérgio Dalbem, apontou que em função da redução do fluxo de veículos relacionada às restrições da pandemia, de janeiro a novembro houve redução do volume de acidentes de 3.383 no ano passado para 2.819 em 2020. “No entanto, este ano tivemos 60 capotamentos contra 53 no ano passado. Tivemos 172 choques contra o anteparo contra 173 no ano passado. Ou seja, esses acidentes indicam que houve consumo de bebida alcoólica. É um acidente que ocorre com o motorista sozinho e à noite. Geralmente o motorista, que está envolvido em acidente em alta velocidade e capota ou bate em anteparo, consumiu bebida alcoólica. Ele perde o controle do veículo e não consegue recuperar”, destacou.

Ele ressaltou que as pessoas envolvidas nesses acidentes normalmente são pessoas "de bem" durante o dia. “São pessoas que trabalham, mas muitas vezes vão ao happy hour e se estendem. Infelizmente é um comportamento errôneo e a pessoa acaba se envolvendo em um crime”, destacou.

Dalbem ressaltou que na atual conjuntura está mais difícil de conseguir resultados com campanhas educativas. “Neste ano de pandemia perdemos a campanha corpo a corpo. Quando se fala olho no olho, a pessoa acaba se conscientizando mais. É uma campanha mais fria e depende da consciência de cada um mudar o comportamento”, lamentou. “Se beber não dirija. Vá de táxi ou de ônibus. Hoje têm aplicativos. Se for com amigos, eleja um como motorista da vez, que não vai beber”, orientou.

ATENDIMENTO MÉDICO

Ele observou que em 2020, o Siate atendeu 3240 vítimas de trânsito que precisaram de atendimento médico em Londrina, ou seja, quase nove vítimas por dia. "Essas pessoas acidentadas estão ocupando leitos que poderiam ser direcionados para os contaminados pelo novo coronavírus. Um condutor com comportamento respeitoso dificilmente se envolveria em um acidente”, apontou.

CAMINHONEIROS

O presidente do Sindicam (Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Londrina e Região), Carlos Dellarosa, declarou que o motorista profissional não toma esse tipo de atitude. “E se for flagrado não pode ser chamado de motorista. Não é profissional. É um irresponsável”, destacou. Segundo ele, motoristas conscientes jamais bebem e dirigem quando estão em uma estrada. “Eles bebem em suas casas e jamais trabalham alcoolizados para não colocar a vida dele e de outras pessoas em risco”, garantiu.

MULTA DE QUASE R$ 3 MIL

A multa por dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa é de R$ 2.934,70, é considerada infração gravíssima e o condutor tem o direito de dirigir suspenso por 12 meses. Em caso de reincidência, é aplicada o dobro da multa. Além disso, o motorista que tiver nível igual ou superior a 0,33 miligramas de concentração de álcool por litro de ar alveolar pode ser preso.

A legislação atual também pune o condutor que recusar fazer o teste do bafômetro ou qualquer exame que detecte a influência de álcool ou drogas, com multa de R$ 2.934,70, suspensão da carteira de habilitação por 12 meses e retenção do veículo. Vale lembrar que, com a recusa, o agente de trânsito ainda pode fazer a comprovação da embriaguez por meio de testemunhas, vídeos e sintomas evidentes, como hálito etílico, sonolência e agressividade.